A segunda edição do Festival de Cinema de Vassouras no Vale do Café aconteceu entre 16 e 24 de junho.
Com Talk Shows, coletivas de imprensa, podcasts, exibições de filmes inéditos e premiados e uma linda premiação no último dia de Festival, o evento foi super especial, celebrando o cinema nacional e trazendo estrelas do audiovisual. Nós, do Club Do Filme, estivemos presentes do dia 16 ao dia 22 e temos muito conteúdo para compartilhar! Portanto fique ligado também no nosso instagram com reels inéditos do festival.
Continuando a cobertura de críticas do II Festival de Cinema de Vassouras, o Club trouxe um apanhado de mais cinco filmes exibidos no Festival. Venha conferir o que achamos!
Coelhitos e Gambazitos
Direção: Thomas Larson; 10 min; SP.
‘Coelhitos e Gambazitos’ fez parte de uma sessão com filmes bem reflexivos. Em meio a uma programação tanto com filmes densos e reflexivos quanto com amadorismo, o curta de animação se destacou por trazer o maior fator de diversão durante a sessão.
O tema super atual sobre o uso excessivo de telas é tratado com bom humor e passa a sua mensagem sem forçar uma lição de moral ou um alarmismo que distancia o espectador. Feito para toda a família, além de leve e engraçado, se utiliza das possibilidades da animação e forma um espetáculo visual. A mistura das formas e texturas, milimetricamente pensadas e impecáveis, somada às referências a cultura pop (principalmente Homem Aranha no Aranhaverso) e à temática relevante fizeram do filme um dos meus favoritos do Festival.
Viva a animação brasileira!
4⭐️
Alice Através da Tela
Direção: Plínio Lopes; 16 min; Vassouras, RJ.
Vídeo promocional do Hotel Santa Bárbara com diálogos que parecem ter sido feitos no chat gpt e propaganda católica repetitiva. Tirando a pequena e talentosa atriz de Alice e das outras crianças, as atuações dos pais foram difíceis de engolir, a ponto de achar que até o público infantil, que é o alvo, vai estranhar.
0/5⭐️
Fantasma Neon
Direção: Leonardo Martinelli; 20 min; RJ.
Parte fundamental da minha experiência foi assistir ao curta sem sequer saber sobre o que ele se tratava. Por isso, prefiro não entrar em detalhes para que a sua experiência também seja, de certa forma, mágica.
Porém, não posso deixar de falar: aqui, nada é por acaso. Os signos e símbolos visuais enriquecem o filme que é arriscado, mas que se propõe a comunicar com esse risco, com essa quebra da forma, e o faz lindamente.
Costumo dizer que um critério para avaliar um curta metragem é a sensação final de “quero mais” que ele deixa. É sempre gostoso sair de um filme com ele ainda na cabeça, pensando no que mais poderia ser. Assim que Fantasma Neon acabou, queria reassistir, e não apenas uma vez. Uma vez não é o suficiente para dar conta de todos os elementos criados para o seu universo.
A imersão que o filme cria te deixa zonzo no final dele. Cenários absurdos da paisagem urbana brasileira, personagens fortes. Situações corriqueiras junto a composições musicais incríveis. Silvero Pereira é a a cereja do bolo.
Há uma cena na praça XV que faz analogia a escravidão e é de arrepiar, chorar. O filme é uma verdadeira catarse movida pelo casamento perfeito da direção de fotografia com a direção de arte, amarradas pelas composições e coreografias únicas e primorosas.
Difícil não falar com o coração quando se trata de Fantasma Neon, mas só consigo dizer: isso é cinema. Todos os elementos trabalham para a perfeição, juntos e em harmonia. Que equipe, que argumento, que ousadia e que presente para o audiovisual nacional! Bravo!
5/5⭐️
Os Esquecidos
Direção: Rodrigo de Souza; Roteiro: Antônio Carlos Silva; Valença, RJ.
Vencedor do Prêmio ‘Curta Regional Melhor Filme’
Em cartaz na mostra regional, Os Esquecidos tem um tema super válido. Porém, eu não o chamaria de documentário e, sim, matéria jornalística. Perfeito para um Globo Repórter, o filme trás uma história relevante e interessante e passada de forma clara, mas completamente falada. Sem alegorias, sem direção, sem os elementos da 7ª arte. É uma aula de história, uma entrevista com cortes bruscos, que fica cansativa e maçante depois de um tempo.
Por mais que comunique, não provoca. Não toca. Dessa forma, ‘Os Esquecidos’ se trata de jornalismo, não de cinema.
1/5⭐️
Cinema é drops
Direção: Aline Castella; 17 min; Petrópolis, RJ.
Já dizia Rita Lee em ‘Flagra’:
“No escurinho do cinema
Chupando Drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz…”
Durante a sessão, senti falta de conhecer os entrevistados, já me perdendo na narração em off. Quem eram aquelas pessoas por trás daquelas falas? No entanto, me deparei com a informação de que o filme foi gravado na pandemia, fazendo o processo de filmagem muito mais difícil.
Não vemos o rosto de nenhum dos depoentes. O motivo disso foi a necessidade de produzir com o menor número de encontros possível. Por isso, os depoimentos em áudio foram gravados e enviados pelos antigos frequentadores das salas de cinema. Ao saber disso, respeitei muito mais o filme, que mantém uma estética acolhedora e traz um excelente trabalho de pesquisa em periódicos. Outro ponto forte é a montagem, que não deixa a narrativa ficar entediante ou maçante, mesmo com tanta imagem de arquivo.
Um mergulho na história do cinema brasileiro, perfeito logo após o dia 19/06, ‘Cinema é Drops’ conta a história de Petrópolis através do cinema, ou seria a uma história de cinema através de Petrópolis?
Com boas entrevistas e lindas imagens da cidade antigamente, o filme contextualiza o surgimento do cinema Glória, o primeiro cinema de Petrópolis, e dos próximos cinemas de rua subsequentes.
Vale demais assistir!
3,5 / 5⭐️
E aí, quais filmes despertaram a sua curiosidade?
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