CRÍTICA – ALICE NO PAÍS DAS TREVAS

CRÍTICA – ALICE NO PAÍS DAS TREVAS

Alice no País das Trevas segue Alice (Lizzy Willis), uma adolescente que, após a morte trágica de seus pais em um incêndio, é enviada para viver com sua avó (Rula Lenska) em uma propriedade isolada e decadente. Lá, ela começa a experimentar pesadelos vívidos e aterrorizantes, onde encontra versões humanas e sinistras dos personagens de Alice no País das Maravilhas (Carroll, 1865). Esses sonhos, repletos de figuras perturbadoras, ajudam-na a desvendar forças malignas que operam no mundo.

Os personagens de Alice no País das Trevas

Richard John Taylor oferece uma visão interessante ao reimaginar as criaturas de Alice no País das Maravilhas (Carroll, 1865) com um visual humano. O Coelho Branco? Um homem com máscara de coelho. O Gato de Cheshire se transforma em uma assassina, com cicatrizes à la Coringa na boca; A Morsa agora é um assassino em série.

Dessa forma, acaba soando como uma escolha de duplo proveito. Ou seja, serve tanto para encaixar em um orçamento mais baixo, quanto para estabelecer uma visão própria e estilosa de figuras já consagradas no imaginário popular. Existe um toque perturbador em vislumbrar criaturas originalmente encantadoras de uma maneira desfigurada e sinistra que torna a ideia em algo cativante.

Pesadelos pontuais

Tais personagens vão sendo introduzidos no filme um por um. IIsto é, quando Alice adormece, os sonhos inundam a garota, e em cada sonho, uma criatura se apresenta. Por consequência, Alice no País das Trevas acaba soando como um aglomerado de contos isolados, cada sonho funcionando como uma história própria, com perspectivas diferentes.

Uma abordagem assim poderia funcionar bem e trazer um certo frescor para o longa. Entretanto, parece que Taylor tem um problema com o tom de sua obra. Em outras palavras, é um filme muito monótono. Alice dorme, Alice sonha, Alice acorda, Alice dorme. É um filme que se desdobra em um ritmo constante que, embora não seja necessariamente ruim por isso, se torna entediante a partir do momento em que nenhum dos elementos desse ciclo tem algo muito emocionante para oferecer.

O único tom de Alice no País das Trevas

Afinal é como uma montanha-russa em linha reta; uma porção de chuchu; uma música de uma nota só. Nada realmente se destaca, nem para o bem, nem para o mal, restando apenas um fluxo maçante. Considerando a premissa da obra — uma releitura de terror de Alice no País das Maravilhas (Carroll, 1865) —, é até surpreendente que o resultado tenha sido tão blasé.

Uma fotografia constantemente escura e sombria corrobora a ausência de variação no tom. Por mais que essa fotografia possa, em alguns momentos, trazer uma atmosfera aterrorizante, em outros ela se torna obstáculo. Ou seja, difícil até mesmo de enxergar o que está acontecendo. Nos momentos diurnos, a escuridão reforçada torna o visual do longa pouco atrativo; como se a exposição diminuta matasse o contraste da luz solar e fizesse tudo aparentar monocromático. Embora, este aspecto tenha instantes em que é bem trabalhado, ao ponto de formar alguns planos bem bonitos, a constância na imagem só ressalta a falta de variação ao longo do filme.

Em resumo, Alice no País das Trevas até tem potencial em algumas de suas ideias, mas peca na maneira como tenta realizar a execução. Em outras palavras, a estrutura episódica dos sonhos de Alice e a insistência no visual sombrio ao longo de toda a duração tornam a jornada fatigante, mesmo com a curta duração do filme. Por fim, uma experiência que, embora intrigante em conceito, acaba sendo decepcionante na prática.


Pôster de Alice no País das Trevas. Filme: Alice no País das Trevas
Elenco: Lizzy Willis, Rula Lenska, Jon-Paul Gates, Steve Wraith, Lila Sarner, Nigel Troup
Direção: Richard John Taylor
Roteiro: Richard John Taylor
Produção: Reino Unido
Ano: 2023
Gênero: Terror
Sinopse: Após perder seus pais em um incêndio, Alice se muda para a casa de sua vó, onde começa a ter pesadelos constantes.
Classificação: 12 anos

Streaming: Indisponível
Distribuição: A2 Distribuidora
Nota: 2,0

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