“É Assim que Acaba” é um filme que dá a sensação de que nunca vai acabar. Seu roteiro e atuações fracas cansam qualquer um que tente assistir se sentindo preso dentro daquela mediocridade sem fim. Por mais que visualmente tenha uma fotografia, colorização e direção de arte interessantes, nada disso compensa as falas e personagens extremamente irritantes.
Somado a isso tudo temos um diretor-ator, Justin Baldoni, que atua e dirige o filme estando em um papel de importância. Com isso a direção parece confusa e com pouca capacidade em conduzir os atores em cena. É perceptível como nas cenas de temáticas mais leves e românticas, o filme funciona muito melhor em comparação com os momentos de tensão e drama onde tudo parece se enrijecer, as falas, as atuações e até as formas de filmar.
É estranho pensar isso, pois nunca assisti nada dirigido por Baldoni anteriormente, mas analisando a diferença que o filme tem entre cenas minimamente sérias e cenas descontraídas, tenho a sensação de que ele seria um ótimo diretor de filmes cômicos como comédias românticas. Não sei o porquê de ele perder tempo adaptando tramas sérias nas quais não é bom dirigindo. Porém, reiterando, nunca assisti aos outros filmes dele, talvez o problema de “É Assim que Acaba” não seja somente uma direção desconfortável com drama, mas sim uma atuação decadente e completamente destoante de Blake Lively, a estrela desengonçada do filme.
De longe, um dos maiores defeitos do filme é a interpretação de Blake Lively. Em muitos momentos é sofrível assisti-la como Lily Bloom de tão desconectada que a atriz demonstra estar. Já Isabela Ferrer que atua como Bloom em sua versão adolescente não me decepcionou em nenhuma cena, o que me faz acreditar que ela teve um processo de estudo de personagem muito mais intenso do que Blake demonstra ter.
No entanto, existe uma cena em específico em que tudo funciona extremamente bem, o que me chamou bastante atenção. É quando Lily está arrumando sua floricultura e Allysa, interpretada por Jenny Slate, aparece para ajudar e se tornam amigas. Por pior que seja a atuação de Blake Lively, aqui sua relação com a personagem de Jenny funciona muito bem. Parece que tanto o roteiro quanto a direção conseguiram entrar em sintonia com aquela representação de amizade feminina surgindo de uma maneira muito carinhosa e sincera que se favoreceu muito pelo bom timing cômico de Slate. Em contrapartida, assim que o personagem de Justin Baldoni, Ryle, aparece novamente como irmão de Allysa, tudo parece voltar a ficar rígido e desarmônico.
O final do filme tem um sabor agridoce, nos entregando uma Lily que fez a escolha de se separar de Ryle e tentar viver o melhor possível da sua vida – com a ajuda de sua mãe e de Allysa para criar sua filha –, encontrando a força de seguir em frente apesar de tudo. Isso para mim já era suficiente, porém, a história apenas acaba de fato quando ela reencontra Atlas e termina o filme com a ideia de que agora a vida dela vai ficar muito melhor junto do amor de sua vida.
Sendo uma obra do gênero romance, faz sentido acabar dessa forma, mas parece que o filme quer ser melhor do que isso e não se desprende dos clichês do gênero. Dessa forma, a protagonista Lily Bloom é complicada de assistir; por mais que torça para que ela tenha uma vida melhor, a atuação desconcertante de Blake e as falas bobas fazem dela uma tortura de acompanhar até esse final. O público terá uma dificuldade muito grande de se conectar com uma personagem tão distante e caricata, o que acaba sendo o maior defeito do filme e que destrói qualquer possibilidade de ter sido apenas mediano tornando-se um dos piores filmes de 2024. “É Assim que Acaba” é uma tortura de assistir, não recomendaria nem pra um inimigo.
Filme: It Ends with Us (É Assim que Acaba) Elenco: Blake Lively, Justin Baldoni, Jenny Slate Direção: Justin Baldoni Roteiro: Christy Hall, Collen Hoover Produção: Estados Unidos Ano: 2024 Gênero: Drama, Romance Sinopse: Quando o primeiro amor de uma mulher reaparece em sua vida, seu relacionamento com um charmoso, mas abusivo neurocirurgião é abalado e ela percebe que deve aprender a confiar em sua própria força para fazer uma escolha para o seu futuro. Classificação: 14 anos Distribuidor: Sony Pictures Streaming: Max Nota: 2,0 |