BODIES, BODIES, BODIES (MORTE, MORTE, MORTE)

BODIES, BODIES, BODIES (MORTE, MORTE, MORTE)

Se tem um estúdio que está crescendo cada vez mais no mercado e deixando qualquer cinéfilo em polvorosa a cada lançamento, esse estúdio é A24. Acredito que seu grande trunfo é produzir e distribuir conteúdos dos mais variados, mas com suas extravagantes excentricidades. Filmes como Lady Bird, Moonlight e o recente sucesso Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, que é maravilhoso, diga-se de passagem, são nomes fortes da produtora. Com isso, ao tratar da temática de horror, A24 possui nomes como Hereditário e Midsommar, do diretor Ari Aster, que são sinônimos de qualidade no gênero, A Bruxa, além da recente franquia  X, que está se tornando a queridinha do momento para os fãs dessa categoria. Ao analisar Bodies, Bodies, Bodies, o longa vai ao encontro da qualidade dos filmes da produtora, tendo os elementos necessários para se tornar um clássico de terror da cultura pop.

No filme, um grupo de amigos planeja uma noite de excessos durante uma tempestade em uma mansão luxuosa. Nela há muitas bebidas, comidas e, principalmente, muitas drogas. Além disso, com a chegada de Sophie (Amandla Stenberg), recém saída da reabilitação, e sua namorada Bee (Maria Bakalova) na casa, o clima de tensão e desconfiança entre os amigos cresce, piorando ainda mais ao jogarem um jogo de assassinato que leva o nome do longa. Se tem uma coisa que o espectador ama é unir o medo com a comédia. Ainda mais se o terror for em cima de gente rica. Quem não se divertiu com a morte tragicômica de Paris Hilton no clássico trash A Casa de Cera, não é mesmo? Simplesmente icônica! Os protagonistas do filme, além de ricos, são o insuportável estereótipo da geração Z. 

Ao primeiro olhar, os personagens tinham tudo para não serem cativantes. Porém, a diretora Halina Reijn, em conjunto com as roteiristas Sarah DeLappe e Kristen Roupenian, consegue transformar toda a caricatice e privilégios deles em carisma. Com o texto afiado e falas absurdamente hilárias, que, com certeza, quem é frequentador assíduo do Twitter ou de páginas de fóruns já deve ter visto, os personagens se aproximam de problemas reais, mesmo que banalizados de forma crítica. Se uma das jovens tem um podcast superficial, outra usa palavras como “tóxico” ou “gaslighting” a torto e a direito. E, é claro, todos fazem muitas dancinhas do TikTok enquanto embarcam em uma trilha sonora envolvente. 

A partir desses absurdos em um cenário sangrento em que a morte é iminente, cria-se uma deliciosa narrativa de “quem matou?” e, consequentemente, de “quem vai morrer?” dentro de embates psicológicos e até físicos entre os personagens. Eu, particularmente, torci pela morte de quase todos. Mas, no caso específico desse filme, isso não é nada ruim. Ele cumpre seu objetivo.

Visualmente, a direção de fotografia de Jasper Wolf consegue trazer uma estética bem atual ao contrastar a ambientação escura da casa com as luzes dos celulares, usados como lanterna, e dos acessórios de festa em neon. Até mesmo o sangue no corpo e nas roupas dos personagens traz um apelo estético “cool’ para eles.

Portanto, ao trazer um humor ácido, mesmo que, às vezes, um pouco cansativo, que leva consigo temas importantes de serem tratados atualmente, como saúde mental, relacionamentos abusivos, pré-julgamentos, o filme consegue se sustentar bem. Acredito que muitos desses temas poderiam ser um pouco mais aprofundados, mas poderiam cair em uma zona fora do tom escolhido. O final é estupidamente crível e é o que me faz gostar ainda mais de tudo. Bodies, Bodies, Bodies certamente não é um filme que vai agradar a todos, pois trata-se de um nicho bem específico de vivência e humor. Entretanto, seu apelo pop pode levá-lo a ser um grande clássico do horror para as futuras gerações.


Filme: Bodies, Bodies, Bodies (Morte, Morte, Morte)
Elenco: Amanda Stenberg, Chase Sui Wonders, Lee Pace, Maria Bakalova, Myha’la Herrold, Pete Davidson, Rachel Sennott, Connor O’Malley
Direção: Halina Reijn
Roteiro: Sarah DeLappe, Kristen Roupenian
Produção: Estados Unidos
Ano: 2022
Gênero: Terror, comédia
Sinopse: Quando um grupo de ricos em seus 20 e poucos anos planeja uma festa de furacão em uma mansão distante, um jogo de festa saí do controle nesse novo e engraçado filme sobre traições, amigos falsos e uma festa que deu muito, muito errado.
Classificação: 18 anos

Distribuidor: Stage 6 Films, A24, Sony Pictures Motion Picture Group
Streaming: Indisponível
Nota: 9,2

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