CRÍTICA – BABYGIRL

CRÍTICA – BABYGIRL

Mais uma vez, infelizmente, Halina Reijn nos conduz a um filme que se acha inovador e disruptivo, mas que, contudo, não passa de uma obra redundante em mesmice e cafonice. Babygirl conta a história de Romy, uma grande empresária, interpretada pela Nicole Kidman, que se envolve com um de seus novos estagiários, Samuel, interpretado por Harris Dickinson, colocando em risco sua carreira consolidada e sua família modelo. Além desse envolvimento ser proveniente de uma relação extraconjugal e, por si só, já ser pertinente a criação de um escândalo, há também questões de etarismo que circundam toda a situação.

O filme tenta se desenrolar em um misto de paixão e desejo, e essas sensações são incompreendidas tanto pelos personagens quanto por nós que o assistimos. Isso porque, apesar da obra ter 115 minutos, sendo tempo suficiente para desenvolver os pormenores das vontades e decisões que viriam, não há progressão fílmica que nos transmita a veracidade do que está sendo dito, tampouco algo que justifique Romy se submeter a tudo que acontece ao longo da história. Além disso, fico pensando se houve uma direção de atores para auxiliar a química dos personagens, pois, não é crível as palavras que eles proferem um para o outro. Em resumo, o filme não tem paciência para permitir que o sentimento seja criado na relação. A encenação dos corpos nos espaços é apática e o filme se confunde entre se levar a sério demais e parecer uma piada sarcástica. 

É uma pena que Halina Reijn esteja retornando aos mesmos erros recorrentes de seus outros filmes. Mais uma vez, eu me permiti ficar ansiosa e na expectativa por outra obra dirigida por ela, entretanto, a expectativa é um bicho ingrato. Lamentavelmente, sinto que toda a experiência cultural que Reijn poderia trazer de sua nacionalidade holandesa é anulada perante as produções estadunidenses — não sei até que ponto é uma questão das produções ou dela mesma. De qualquer forma, me parece que é sempre o mesmo filme que já vimos várias vezes: sem alma. E, no caso de Babygirl, sem tesão com a própria história. Se o filme Morte morte morte (2022) parece ter sido feito totalmente para a geração Z, seja enquanto entretenimento ou crítica sobre seus modos de relações interpessoais, Babygirl segue o mesmo fluxo fingindo falar de sexualidade de forma explícita, mas repleto do pudor que a nova geração tanto tem demonstrado possuir nas redes sociais.

Não há muito o que desbravar e mencionar dentre as escolhas técnicas, porque, mais uma vez, é tudo feito da forma mais simplificada e sem nenhuma intencionalidade específica visando expandir nossa experiência. Contudo, gostaria de sinalizar o incômodo contínuo que eu tive com as escolhas da direção de fotografia. O balanço da câmera na mão, que não agrega em nada e que parece saído de outro filme com outra proposta, é cansativo… Parece que quer dizer algo, mas não chega em lugar algum. Da mesma maneira que, esteticamente falando, é um filme profundamente feio. Mas isto, por fim, combina com o resto, já que nada é uniforme e conduzido de maneira coerente.

Todos os arcos narrativos parecem ter saído de uma fanfic qualquer da internet e, com certeza, em um rápido acesso no Wattpad nós encontraríamos uma história similar e preguiçosa na mesma medida. Ao fim do filme, nós constatamos que tudo seria facilmente resolvido se a protagonista conversasse abertamente, sobre os desejos e anseios que ela possui, com o seu marido Jacob, interpretado pelo Antonio Banderas. Por fim, não posso dizer que espero ansiosamente pelos próximos trabalhos da diretora.


Filme: Babygirl
Elenco: Nicole Kidman, Harris Dickinson, Antonio Banderas
Direção: Halina Reijn
Roteiro: Halina Reijn
Produção: Estados Unidos, Holanda
Ano: 2024
Gênero: Drama
Sinopse: Romy (Nicole Kidman) é uma executiva que conquistou seu posto como CEO com muita dedicação. O mesmo se aplica a sua família e ao casamento com Jacob (Antonio Banderas). Tudo o que construiu é posto à prova quando ela embarca em um caso tórrido e proibido com seu estagiário Samuel (Harris Dickinson), que é muito mais jovem. A partir daí, ela anda numa corda bamba de suas responsabilidades e, também, nas dinâmicas de poder que envolvem suas relações.
Classificação: 18 anos
Distribuidor: Diamond
Streaming: Indisponível
Nota: 3,0

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