CRÍTICA – IMACULADA

CRÍTICA – IMACULADA

Normalmente, os filmes de terror começam com uma ambientação que resgata fragmentos que serão desenvolvidos ao longo da exibição. Os pequenos detalhes são ampliados para criar uma ansiedade no espectador e gerar expectativas em torno da conclusão. Entretanto, “Imaculada”, dirigido por Michael Mohan, com produção e protagonismo de Sydney Sweeney, prefere uma abordagem que impulsiona o receptor a captar a percepção da personagem, que se encontra naquele local estrangeiro de maneira repentina, forçada ou milagrosa. Essa escolha narrativa expõe a obra a acontecimentos mais expressivos, mas também repentinos, forçados ou “milagrosos”. 

Semelhante ao filme “A Primeira Profecia” (2024, Arkasha Stevenson), “Imaculada” começa com uma freira sendo transferida para uma região da Itália para auxiliar as irmãs mais velhas no cotidiano do convento. No prólogo, observamos características de desordem em um ambiente que deveria ser marcado por outros sentimentos, além do fanatismo e da crueldade. Após fazer seus votos, Cecilia, interpretada por Sydney Sweeney, começa a ter alucinações e vai ao seu quarto para dormir. Depois de um tempo, ela começa a sentir dores estranhas e descobre que está grávida, mesmo nunca tendo tido relações sexuais. Diante disso, ela é vista como a nova Virgem Maria. 

O diretor Michael Mohan demonstra limitações em prender nossa atenção na narrativa. Além da saturação temática do subgênero de filmes de freira, ele não consegue estimular um desenvolvimento envolvente, optando por avanços temporais que escolhem um caminho mais seguro, mas fraco. Peço desculpas ao George Miller, mas o filme adota uma estrutura temporal confortável que pouco comove com sua protagonista, apesar do tom trágico e melodramático. Enquanto Arkasha Stevenson, em “Primeira Profecia”, desenvolve uma protagonista que sente cada fragmento de liberdade sendo retirado durante a gravidez, “Imaculada” oferece apenas exposições mais bruscas, como as fugas e possíveis castigos de Cecilia. 

O melhor momento de Michael Mohan, assim como a atuação de Sydney Sweeney, surge no último ato, quando o tempo é finalmente estabilizado e não somos jogados para acontecimentos futuros. A personagem sai da cama e inicia uma perseguição contra os líderes masculinos do convento. Se antes ela temia a presença masculina, agora ela pega qualquer objeto sagrado e o utiliza como ferramenta de guerra. A continuidade narrativa da cena do labirinto até a morte do “capeta” é impressionante, mostrando um trabalho sensível. Infelizmente, isso não salva completamente o longa-metragem. Se o material fosse concentrado nos últimos 15 minutos, teríamos um excelente trabalho de toda a equipe e mais uma atuação marcante na área de produção de  Sydney Sweeney, como em seu filme anterior, “Todos Menos Você” (2023, Will Gluck).


Filme: Immaculate (Imaculada)
Elenco: Sydney Sweeney, Benedetta Porcaroli, Álvaro Morte, Simona Tabasco e Giulia Heathfield Di Renzi
Direção: Michael Mohan
Roteiro: Andrew Lobel
Produção: Estados Unidos
Ano: 2024
Gênero: Terror
Sinopse: Cecilia, uma mulher profundamente religiosa, recebe uma oferta para um cargo em um convento ilustre no campo italiano. Seu novo lar, aparentemente perfeito, logo revela esconder segredos aterrorizantes.
Classificação: 18 anos
Distribuidor: Diamond Films
Streaming: Indisponível
Nota: 5,0

 

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