CRÍTICA – MAXXXINE

CRÍTICA – MAXXXINE

É difícil não criar expectativas quando falamos de uma franquia de sucesso, não é mesmo? Depois do sucesso de X – A Marca da Morte, que revisita de forma autêntica os filmes slasher dos anos 1970/1980, e Pearl, que traz um aprofundamento visceral e brilhante na personagem título, MaXXXine vem com a grande responsabilidade de encerrar a trilogia. Porém, criar expectativas pode ser frustrante. 

O longa acompanha a trajetória da final girl desajustada do primeiro filme em busca do estrelato. E é nesse momento que Hollywood entra na história, demonstrando ser muito mais perigosa do que parece. Dessa maneira, por ser um filme que se ambienta no universo hollywoodiano, as referências ao cinema são ainda mais presentes e explícitas que nos outros filmes da franquia. Há excelentes cenas que remetem aos filmes policiais italianos, diálogos citando estrelas e filmes icônicos e até mesmo o cenário de um clássico do horror. Essas referências, inclusive, ambientam o filme como ninguém e até mesmo o deixam mais pop. Entretanto, os outros filmes sabiam beber da fonte e transformar em algo novo. MaXXXine fica aquém do potencial anteriormente apresentado. Parece querer abraçar o mundo. Do que adianta referência por referência? Esvazia-se de sentido e traz mais do mesmo, deixando de lado o amadurecimento e enredo da personagem, que deveria ser o grande foco. Por isso, mira na estética, que é impecável. Porém, um filme não se faz somente na estética.

Falar de Mia Goth é sempre um deleite. Quase que cair na mesmice. Ela é incrível e sabe fazer do limão uma limonada. Ela consegue transformar qualquer cena em algo grandioso e traz todo o foco para si. Apesar do roteiro não dar tanta profundidade a ela, diferentemente do que acontece em Pearl, ela aproveita cada oportunidade. Ela é levada pela narrativa, quase não tendo autonomia alguma. O roteiro parece preferir fazer cenas impactantes e com frases de efeito que viralizem em edits nas redes sociais do que investir numa trama imersiva. Tudo fica no âmbito superficial. Ainda mais com a grande revelação, que, sinceramente, só me trouxe bocejos e não cativa. Desinteressante é a palavra. O filme se destaca dos demais ao tentar trazer situações problema paralelas, mas não se aprofunda em nenhuma e acaba não fazendo sentido com o fio condutor da história da trilogia, que são personagens complexos e sua relação com seus sentimentos, tendo a morte e o sexo mais explícitos como marca registrada. Algo que não acontece. No máximo, algumas migalhas.

E todo potencial desperdiçado não acaba por aí. O elenco traz um pessoal interessante: Kevin Bacon, Elizabeth Debicki, Giancarlo Esposito, Moses Sumney, Halsey, Lily Collins… Todos ganham papéis indignos. Halsey e Lily, que juntas devem ter somente 1 minuto de tela, poderiam ter sido interpretadas por qualquer pessoa que não faria diferença. A dupla de detetives, interpretados por Bobby Cannavale e Michelle Monaghan, só sabem fazer piadas repetitivas e são cansativos. Já Debicki e Bacon começam bem, mas caem numa canastrice besta. E nada disso é culpa deles. Piadas e tiques são sempre bem-vindos, mas em momentos oportunos para isso, o que não é o caso. Parece que os personagens secundários são vistos como uma grande brincadeira – de mau gosto.

Nesse sentido, MaXXXine é um filme que tenta trazer personalidade, mas não atinge seu objetivo. Há um grande apelo estético, que funciona até a metade do filme, mas o roteiro não acompanha. É como se os dois filmes anteriores e o primeiro ato desse último nos preparasse para algo que está por vir, mas que nunca chegará. Ele tenta chegar em algum lugar, mas parece perdido. Morre na tentativa e perde grande parte da essência da franquia ao não trazer os aspectos mórbidos e libidinosos tão esperados.


Filme: MaXXXine
Elenco: Mia Goth, Kevin Bacon, Elizabeth Debicki, Giancarlo Esposito, Moses Sumney, Halsey, Lily Collins
Direção: Ti West
Roteiro: Ti West
Produção: Estados Unidos
Ano: 2024
Gênero: Terror
Sinopse: Após sobreviver aos acontecimentos do primeiro filme da série, Maxine Minx agora está em busca da tão sonhada carreira como atriz em Hollywood. Mas além dos testes de elenco, a protagonista desta vez terá que se esforçar para resistir às ameaças de ataque do Perseguidor Noturno, assassino em série que está aterrorizando a região.
Classificação: 18 anos
Distribuidor: Universal Pictures
Streaming: Indisponível
Nota: 5,5

*Estreia dia 11 de julho de 2024 nos cinemas*

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