CRÍTICA – O CORVO

CRÍTICA – O CORVO

O Corvo (The Crow, 2024) é um remake do filme de mesmo nome lançado em 1994. Escrito por Zach Baylin e Will Schneider a partir da história original de James O’Barr – publicada como uma graffic novel em 1981 –, o longa-metragem é estrelado por Bill Skarsgård e FKA Twigs (Honey Boy, 2019). Amargando notas baixíssimas da crítica geral, a produção dirigida por Rupert Sanders (Ghost in the Shell, 2017) se propõe a entregar uma história de vingança e de amor incrementada por elementos góticos e sobrenaturais envolvendo pactos sombrios com forças ocultas. O Corvo teve sua estreia no Brasil em agosto de 2024.

De início, gostaria de destacar a escolha de Bill Skarsgård para o papel principal nesta história. O ator sueco, conhecido mundialmente por sua interpretação do palhaço Pennywise na franquia It – A Coisa (2017-2019), é uma escolha bastante acertada para o personagem Eric. Apesar disso, um ponto que incomoda é a idade dos protagonistas aqui. Tanto Eric quanto Shelly (FKA Twigs) são apresentados como jovens na casa dos vinte anos, afirmação um pouco difícil de se aceitar, ainda que essa não seja a característica mais negativa do filme.

A história de O Corvo se dá em torno dos personagens Eric e Shelly, dois jovens perturbados e com histórias de vida semelhantes. Ambos acabam por se conhecer em uma clínica de reabilitação, onde o sentimento mútuo os une como em um passe de mágica. Entendo que neste ponto da narrativa, o roteiro se detém ao fato de que os personagens são jovens e vivem e sentem de forma muito mais intensa do que em qualquer outra fase da vida. Pensando por esse viés, é compreensível a ligação entre Eric e Shelly.

O infortúnio da história de amor contada aqui se dá a partir de eventos do passado de Shelly, que ao tentar fugir deles, envolve Eric em uma trama de perseguição. É aqui que o sobrenatural se encaixa no filme, ponto que talvez seja o mais fraco da narrativa de O Corvo. Apesar de não se desenvolverem da melhor forma, os elementos sobrenaturais são apresentados de forma acertada, pelo menos ao se tratar do quesito visual da produção. Sem utilizar com demasia do CGI – aparentemente, pelo menos – as cenas com efeitos especiais são aceitáveis e não estragam a narrativa, na verdade, elas são um ponto bastante favorável dentro do enredo.

Após o assassinato do casal, Eric, por conta do grande rancor sentido no momento de sua morte, retorna ao mundo dos vivos para vingar o assassinato de Shelly. A partir desses eventos, a narrativa segue por um caminho diferente do que fora apresentado até então e acredito que a virada no enredo se dá da melhor forma possível. Embora haja bastante química entre Skarsgård e Twigs em tela, a relação dos personagens, como mencionado antes, se dá de forma muito rápida e não há de fato desenvolvimento da história de amor que o roteiro tenta vender. Dessa maneira, se torna difícil a aceitação da vingança de Eric pela morte de Shelly, ainda que, paradoxalmente, esse seja o ponto de maior impacto na narrativa do filme.

O que mais agrada em O Corvo é a elaboração de seu trabalho visual. A partir da cena dos créditos iniciais – que lembra muito as apresentações dos filmes de David Fincher – tive a sensação de que os eventos seguintes seriam satisfatórios, ainda que ao final, esse sentimento tenha se transformado, de certa forma, em frustração. Digo de certa forma pois não é como se estivesse esperando assistir a uma grande produção.

Em todo caso, mesmo que, em termos gerais, a experiência de assistir à O Corvo não tenha sido das mais inesquecíveis, acredito que não tenha sido de todo negativa, uma vez que pude perceber o comprometimento da produção em proporcionar ao menos alguns elementos da narrativa de maneira bem desenvolvida, destacando-se as cenas mais violentas e a trilha sonora, que se adequa muito bem às imagens apresentadas. O visual elaborado por Eric ao iniciar sua vingança também é um ponto bastante satisfatório, onde se adota uma postura gótica e sombria que cai como uma luva ao personagem de Skarsgård.

Por fim, posso dizer que assistir O Corvo não foi uma das melhores experiências cinematográficas da minha vida, porém, está longe de ter sido uma das piores. Ainda que o longa-metragem tenha mais características negativas do que positivas, a narrativa é inofensiva. De todo modo, vale a pena assistir, uma vez que estamos em outubro e, pelo menos por esse motivo, essa história deve ser lembrada, ainda que seja somente para inspirar fantasias de Halloween.


Filme: The Crow (O Corvo)
Elenco: Bill Skarsgård, FKA Twigs, Danny Houston, Sami Bouajila, Josette Simon, Isabella Wei, Laura Birn, Jordan Bolger.
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Zach Baylin, Will Schneider
Produção: EUA
Ano: 2024
Gênero: Ação, Crime, Fantasia, Suspense, Terror.
Sinopse: As almas gêmeas Eric Draven e Shelly Webster são brutalmente assassinadas quando os demônios de seu passado sombrio os alcançam. Atravessando os mundos dos vivos e dos mortos, Draven retorna em busca de vingança sangrenta contra os assassinos.
Classificação: 18 anos
Distribuidor: Lionsgate
Streaming: Indisponível
Nota: 4,0

Sobre o Autor

Share

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *