Toda adaptação, inevitavelmente, gera alguns tabus. Isso já é do costume de quem acompanha cinema e, principalmente, de quem cobre e escreve sobre esses filmes. As coisas pioram um pouco quando se tem uma grande carga emocional envolvida devido a nostalgia e o carinho pela obra original. Agradar fãs parece ser uma dor de cabeça inimaginável e nunca nada está bom – só lembrar o que aconteceu com a série do Senhor dos Anéis, por exemplo. Uma choradeira atrás da outra. Quando se pensa em adaptar vídeo game, então, o buraco é bem mais embaixo. Via de regra, os gamers querem tudo igualzinho, nos seus mínimos detalhes. Para Super Mario não foi diferente, com a dificuldade que a franquia da Nintendo não tem uma história fixa ou bem desenvolvida para se levar para as telonas.
A saída que os roteiristas acharam foi jogar no seguro. A trama segue o esqueleto de todas as obras clássicas de fantasia. Um protagonista desacreditado que, ao ser enviado a um mundo fantástico, prova seu valor derrotando o mau que aflige aquele lugar. Com certeza você já viu isso em algum lugar. Dorothy é levada de sua casa por um tornado, vai parar na terra mágica de Oz onde tem que derrotar a Bruxa má do Oeste para poder voltar para casa. Ou Alice que ao seguir um coelho branco, vai parar no País das maravilhas; as crianças que entram em um armário e vão parar em Nárnia; Neo tomando a red pill e indo parar no “mundo real”. Aqui, Mario e Luigi tentando provar seu valor para a própria família através do trabalho de encanadores. Tentado resolver um acidente hidráulico na cidade, são engolidos e vão parar no reino dos Toads, que está sendo ameaçado por Bowser.
Tendo essa estrutura toda demarcada, fica bem mais fácil trabalhar com protagonistas mais genéricos, dando a liberdade de ser o que são dentro dos games, e aos roteiristas de brincar à vontade com seus personagens e traze-los para conversas e discussões mais modernas, criando empatia com o público mais jovem do que aqueles que jogaram as aventuras no game. Vemos uma princesa Peach bastante independente, ganhando protagonismo ao lado de Mario. Um anti-herói bastante carismático, cuja a motivação é um amor platônico não correspondido. Vale ressaltar que Bowser rouba o filme. Toda a aparição do personagem é repleta de humor, deixando a aventura leve, como deve ser.
É importante destacar que, embora essa abordagem possa agradar a um público mais amplo, incluindo aqueles que não estão familiarizados com os jogos de Super Mario, há sempre o risco de alienar os fãs mais dedicados. A adaptação de videogames para o cinema é um território delicado, onde equilibrar as expectativas dos fãs com a criação de uma obra original e cativante é um desafio constante.
No entanto, com uma abordagem segura e criativa, juntamente com personagens carismáticos e uma história envolvente, a adaptação de Super Mario pode ter sucesso em trazer a magia do mundo dos jogos para as telonas, agradando tanto aos fãs quanto ao público em geral.
No caso de Super Mario, a escolha de uma trama clássica de fantasia, com um herói improvável enfrentando o mal em um mundo mágico, parece ser uma aposta segura. Essa estrutura já se mostrou eficaz em outras obras e oferece uma base sólida para o desenvolvimento da história. Dessa forma, os roteiristas têm a flexibilidade de explorar os personagens de Mario e Luigi de maneiras diferentes, ao mesmo tempo em que mantêm sua identidade reconhecível para os fãs.
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Filme: The Super Mario Bros. Movie (Super Mario Bros. – O Filme) Elenco: Chris Pratt, Charlie Day, Kevin Michael Richardson, Jack Black, Khary Payton, Keegan-Michael Key, Anya Taylor-Joy, Seth Rogen Direção: Aaron Horvath, Michael Jelenic Roteiro: Matthew Fogel Produção: Estados Unidos, Japão Ano: 2023 Gênero: Animação, Aventura Sinopse: Mario é um encanador junto com seu irmão Luigi. Um dia, eles vão parar no reino dos cogumelos, governado pela Princesa Peach, mas ameaçado pelo rei dos Koopas, que faz de tudo para conseguir reinar em todos os lugares. Classificação: 10 anos Distribuidor: Universal Pictures Streaming: Indisponível Nota: 8,0 |
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