CRÍTICA – TWISTERS

CRÍTICA – TWISTERS

De repente, os radares disparam, os movimentos corporais indicam uma agitação iminente. Os ventos se intensificam, forçando os olhos a semicerrar diante do imprevisível. A protagonista, Kate Carter, se empolga ao ver as partículas se unindo até formarem um furacão. Ela tem uma solução para um problema que sua cidade enfrenta, mas primeiro precisa testá-la com seu grupo de amigos. Rostos ainda muito inocentes diante daquele fenômeno natural, mesmo próximos, ainda têm a chance de escapar. O que eles não imaginam é que estão enfrentando uma força maior, onde o menor erro de cálculo de um aparelho eletrônico pode fazer com que todos pereçam ou sobrevivam com sequelas. Quando o erro transparece no meio do experimento, o que resta é fugir para debaixo de uma ponte e torcer para não ser engolido por toda aquela destruição. 

“Twisters” é mais uma produção de Hollywood que tenta replicar o sucesso do passado, dialogando com a obra anterior de Jan de Bont, “Twister” (1996). Pelo material publicitário, a nova obra parece carecer de charme, sendo mais um produto voltado para os amantes da nostalgia e para o consumidor habitual do cinema americano. No entanto, “Twisters”, dirigido por Lee Isaac Chung, aposta em um conteúdo que transita por vários gêneros e apresenta uma inquietude imagética em suas sequências de ação, como se estivéssemos próximos daqueles passos em busca de sobrevivência. Por mais bizarra que a narrativa possa parecer, assim como o filme de Jan de Bont já era, a história consegue trazer aspectos da realidade para formar uma coesão entre nosso julgamento e aqueles “cientistas” que arriscam suas vidas contra furacões, seja por subtramas nos núcleos gerais, seja pela própria ridicularização em cena.

Os protagonistas, Kate (Daisy Edgar-Jones) e Tyler (Glen Powell), têm uma relação bem empática, quase como se o filme fugisse da essência frenética das cenas de ação para adotar uma dinâmica de comédia romântica. Mesmo sendo figuras distantes em termos de representação, onde Kate se assemelha a uma heroína clássica e Tyler se aproxima de uma caricatura do cidadão de bem americano, os momentos em que os dois compartilham a tela são agradáveis, criando uma intimidade que nos aproxima. 

Quem sabe por uma questão de força temática, o diretor opta por exibir os acontecimentos sociais de maneira direta, mantendo a narrativa em uma zona objetiva segura, apenas para servir como força antagônica na obra. Os traumas dos personagens são o que realmente conduzem o filme, permitindo que Kate assuma um lugar de importância narrativa, guiando-nos por esse dilema entre sobrevivência e medo. Se em “Divertida Mente 2” (2024) lidávamos com o medo do futuro, aqui temos Kate lutando para tentar curar feridas que não cicatrizam com o tempo, mesmo sendo parte de uma equipe profissional contra furacões. 

Como em outros momentos, a sequência final nos leva para essa ânsia por um controle, onde poderíamos pausar o filme, ou quem sabe até utilizar um celular para quebrar a experiência do cinema. Em vez disso, só podemos sentar e esperar que algum aparelho eletrônico ofereça socorro e que suas porcentagem de erro seja zero para mais sobreviventes em meio ao caos.


Filme: Twisters
Elenco: Glen Powell, Daisy Edgar-Jones, Kiernan Shipka, Anthony Ramos e David Corenswet
Direção: Lee Isaac Chung
Roteiro: Mark L. Smith
Produção: Estados Unidos
Ano: 2024
Gênero: Ação, Comédia e Romance
Sinopse: Twisters é uma continuação do longa homônimo de Jan de Bont, lançado em 1996. Desta vez, sob a direção de Lee Isaac Chung (Minari) o filme foca em uma dupla de caçadores de tempestade. Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) é uma ex-caçadores desses fenômenos, mas que acaba sendo atraída de volta às planícies por seu amigo Javi (Anthony Ramos), para testar um novo sistema experimental de rastreamento meteorológico. Nessa missão, ela cruza seu caminho com Tyler Owens (Glen Powell), um ícone das redes sociais que compartilha suas aventuras de caça à tempestade. Conforme a temporada de tempestades se intensifica e acontecimentos aterrorizantes tomam conta, Kate e Tyler, que são concorrentes, se encontram em meio a uma situação nunca vista antes, colocando suas vidas em risco.
Classificação: 12 anos
Distribuidor: Warner Bros.
Streaming: Indisponível
Nota: 7,0

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