CRÍTICA – UM DIA CINCO ESTRELAS

CRÍTICA – UM DIA CINCO ESTRELAS

Seguindo a tendência de outras produções do gênero no Brasil, “Um Dia Cinco Estrelas” segue a linha de outras produções do gênero, aproveitando a popularidade de comediantes em ascensão para criar uma história que explore ao máximo seu estilo de humor. Com uma fórmula que já foi vista em filmes como “Os Farofeiros”, com Paulinho Gogó no elenco, “Os Parças”, com Tom Cavalcante e Whinderson Nunes, e “Os Penetras”, com Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, “Um Dia Cinco Estrelas” tem desta vez Estevam Nabote como elemento central das ações do filme, apoiado por figuras como Nany People, Ed Gama e Danielle Winits, mas fica mais próximos dos programas atuais do Multishow do que propriamente dos filmes citados.

Ambientado no Brasil contemporâneo, o filme conta a história de Pedro Paulo, um homem comum que se vê enfrentando desafios inusitados quando assume a responsabilidade de cuidar de seu Opala dos anos 70, carinhosamente apelidado de “Mozão”. Para ajudar sua família e realizar o sonho de sua mãe de viajar para Buenos Aires, Pedro decide se aventurar como motorista de aplicativo. O que ele não esperava é que essa nova jornada o levaria a experiências peculiares e transformadoras, mudando não apenas sua própria vida, mas também a de sua família e dos passageiros que embarcam em sua trajetória.

O filme gira basicamente em torno das situações difíceis enfrentadas por Pedro Paulo, que se torna um motorista de aplicativo determinado a juntar dinheiro para proporcionar um spa de aniversário à sua mãe, que sempre foi tão dedicada ao filho. Paralelamente, sua esposa, Manuela, busca uma promoção para se tornar gerente do supermercado onde trabalha, mas acaba se envolvendo em “altas confusões”. Enquanto isso, sua mãe, Dona Nilda, vai ao Spa com uma tia de Pedro Paulo para aproveitar seu presente secreto de aniversário.

Diferentemente de filmes como “Os Farofeiros” e “Os Parças”, que podem não se importar tanto com a trama em si, mas demonstram certo cuidado na forma de contá-la, “Um Dia Cinco Estrelas” deixa a desejar no aspecto técnico. A negligência com elementos essenciais, como a montagem e o ritmo, é evidente e irreparável. As cenas se atropelam umas às outras, sem que a anterior tenha sequer terminado. Há uma falta de conexão palpável entre elas, transmitindo a sensação de que diversos vídeos do TikTok foram reunidos em um filme sem qualquer coesão. É um insulto ao espectador a ausência do mínimo cuidado com a montagem e a mixagem de som. Em várias cenas, a espacialidade do som é constrangedora. Ao tentar recriar o som que se passa dentro de um carro, por exemplo, o resultado é tosco e soa como se o áudio estivesse saindo de um megafone.

Carecendo de qualquer originalidade, as cenas envolvendo dona Nilda no spa são absolutamente sem graça. São composta por situações já esgotadas, como a personagem se queimando com pedras quentes durante uma massagem e saindo aos gritos pelo local. Já as cenas relacionadas à jornada de Manuela no supermercado são facilmente esquecíveis. E as mini-esquetes que envolvem Pedro Paulo, por sua vez, são compostas por um humor já explorado e executado milhares de vezes, e com muito mais maestria, pelos Trapalhões. Apesar disso, os raros momentos em que Nabote e Gama dividem a tela são eficazes. O entrosamento entre os dois comediantes e a química que trazem para a história são notáveis, sendo frustrante perceber que esses momentos promissores são interrompidos rapidamente.

É decepcionante constatar que as piadas em “Um Dia Cinco Estrelas” seguem um padrão de humor previsível e muitas vezes apelativo, não conseguindo aproveitar o potencial das situações e até mesmo do elenco para gerar algum tipo de graça. As piadas sobre o amor de Pedro Paulo por seu carro, apelidado de “mozão”, se esgotam já nos primeiros 15 minutos de projeção e são repetidas incessantemente ao longo do filme. A falta de inspiração se agrava à medida que o filme avança. Um exemplo disso é a personagem de uma vendedora com sotaque argentino, cuja interpretação forçada causa constrangimento no espectador em vez de proporcionar momentos engraçados. Outra situação bastante explorada ocorre quando uma funcionária da prefeitura responsável por guinchar carros surge abruptamente em vários momentos do filme, seja para guinchar o veículo de Pedro Paulo ou até mesmo para realizar um parto.

“Um Dia Cinco Estrelas”, apesar de contar com a presença de comediantes talentosos, como Estevam Nabote e Ed Gama, peca pela falta de cuidado com elementos basilares da produção de um filme. Além disso, abre mão de uma narrativa coesa para criar situações humoradas, mas acaba entregando apenas humor repetitivo e forçado em alguns momentos. Infelizmente os breves bons momentos do filme, quando Nabote e Gama dividem a tela, não são capazes de salvar o longa.


Filme: Um Dia Cinco Estrelas
Elenco: Estevam Nabote, Aline Campos, Nany People, Danielle Winits, Hugo Bonemer, Marcos Breda, Carol Nakamura, Ed Gama, Carol Bresolin.
Direção: Hsu Chien Hsin
Roteiro: Cristiane Wersom, Ricky Hiraoka
Produção: Brasil
Ano: 2023
Gênero: Comédia
Sinopse: Pedro Paulo decide colocar seu carro na rua, um Opala dos anos 80, e trabalhar como motorista de aplicativo. O que ele não esperava era pegar passageiros que poderiam virar seu dia de cabeça para baixo.
Classificação: 12 anos
Distribuidor: Paris Filmes
Streaming: Indisponível
Nota: 2,0

Sobre o Autor

Share

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *