O 17º CineBH aconteceu durante os dias 26/09 e 01/10, na capital nacional do pão de queijo, café, “trem” e “uai”; a famosa “Beagá”. Primeiramente, como um mineiro de coração (nascido em São Paulo, mas morador de Minas há quase uma década), devo ressaltar o imensurável prestígio que é poder ver de perto a cena cinematográfica do estado. Sobretudo, a fomentação do mercado cinematográfico da região.
Brasil CineMundi e o mercado nacional
Digo isto, pois, é no CineBH que rola o Brasil CineMundi, atualmente na sua décima quarta edição. A saber, o Brasil CineMundi é um evento destinado a unir realizadores à peças fundamentais do mercado. Assim sendo, nele existe a possibilidade dos idealizadores apresentarem seus projetos audiovisuais para firmarem parcerias alavancadoras. Desse modo, pode-se obter financiamento, mentorias, vagas em eventos internacionais, laboratórios, entre muitas outras possibilidades.
Dessa forma, o Brasil CineMundi oferece ao cinema brasileiro a força necessária para continuar existindo maravilhosamente como o é. E é em Belo Horizonte, durante o CineBH, que o evento toma palco. Muitos dos projetos que por ali passam, retornam concluídos anos depois, para exibição no circuito de festivais. Como disse Raquel Hallak (diretora da Universo Produção, empresa que organiza o festival) durante uma coletiva: os projetos do CineMundi são como os filhos do CineBH, são sementes plantadas que florescem ali.
As mostras do 17º CineBH
Entretanto, nem só de fomento ao mercado que vive o CineBH. Isto é, desde a décima sexta edição o festival vem assumindo a faceta de ser um portal de acesso ao cinema latino-americano. Ainda citando Hallak, é uma maneira que o festival encontrou para, paralelamente, assumir uma identidade própria, se distanciando de outros festivais brasileiros, e de celebrar não só o nosso cinema, mas também o de nossos “hermanos”. Em outras palavras, é uma valorização da nossa cultura regional.
Por conseguinte, o 17º CineBH contou com mostras exclusivas para a exaltação desse cinema, como a Mostra Continente. Todavia, a principal delas foi a Mostra Território. Tal Mostra se dedicou principalmente ao papel de servir como palco competitivo para diretores iniciantes. Decerto, acaba não só prestigiando o cinema latino-americano, mas também seus realizadores. Dessa maneira, oferece para eles não só o espaço para exibir e dialogar sobre suas obras, mas também incentivos na forma de premiações (em diversos tipos de recursos).
Os grandes premiados
Em virtude disso, na última noite do evento houve a premiação de alguns desses filmes. Você pode conferir a crítica de todos os premiados aqui no Club. Foram três prêmios para essa mostra.
De acordo com isso, o prêmio de Destaque do Júri — concedido a um aspecto de algum dos longas que se destacou perante o Júri — ficou com Puentes en el Mar (Ruiz, 2022). Da mesma forma, o segundo prêmio da noite, Melhor Presença — entregue à presença humana dentre as obras que mais marcou o Júri — parou nas mãos de Gisela Yupa, intérprete de Sabrina em Diógenes (Barbuy, 2023). Por fim, quem levou o grande prêmio da noite, Melhor Longa, foi o documentário Guapo’y (2023), de Sofía Paoli Thorne.
Inegavelmente, o CineBH desempenha um papel crucial para essas, e tantas outras, obras. Em outras palavras, o festival possibilita um lugar para suas vozes serem ouvidas e suas existências ganharem forças para serem vistas ou concebidas. Ou seja, são seis dias de muita troca, cultura, e acima de tudo, magia. Uma magia que só o cinema pode nos proporcionar. Independente da opinião deste que vos escreve sobre os filmes citados, reservo a conclusão deste texto para citar uma frase que a maravilhosa Sara Silveira — produtora brasileira e membra do júri oficial — disse para mim em uma conversa que tivemos entre as sessões: “Fazer uma película é sempre um ato heroico”.
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