Com a nova onda de cultura sul-coreana atingindo as redes sociais e os brasileiros com fenômenos como o grupo BTS e o filme vencedor do Oscar Parasita, o Club do Filme decidiu trazer quatro indicações de filmes incríveis para nossos leitores começarem a conhecer a vasta filmografia sul-coreana, aprendendo um pouco sobre a sua cultura e apreciando sua forma de fazer arte, mergulhando em um pouco de sua história.
- A Criada (2016)
Sinopse: Coreia do Sul, anos 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Sookee (Kim Tae-ri) é contratada para trabalhar para uma herdeira japonesa, Hideko (Kim Min-Hee), que leva uma vida isolada ao lado do tio controlador. Porém, Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee aos poucos começa a compreender as motivações de Hideko.
O drama/suspense do aclamado diretor Park Chan-wook traz uma alegoria dos tempos de colonização japonesa na Coréia. Sensual e tecnicamente impecável, o longa é inovador e conta com atuações extremamente sensíveis e um plot-twist impossível de prever. Indicado a prêmios ao redor do mundo e vencedor de muitos deles, A Criada traz um pouco da história da Coréia a partir de poucos personagens com relações muito simbólicas entre eles. Pessoalmente, é um dos meus filmes favoritos e não pode ficar de fora do seu repertório.
2. Oldboy (2003)
Sinopse: Oh Dae-Su fica trancado num quarto de hotel por 15 anos sem saber por quem ou por quê. Quando finalmente é libertado, Dae-su tem 5 dias para encontrar o inimigo que o capturou. Sua ávida busca por vingança pela vida perdida acaba se entrelaçando com um romance quando se apaixona por uma atraente chef de sushis.
Adaptação de um mangá japonês, Oldboy já é um clássico do cinema e mostra a versatilidade de Park Chan-wook, mesmo diretor de A Criada. Com um ritmo completamente diferente de seu filme de 2016, Oldboy é um misto de ação e mistério que faz o espectador permanecer vidrado do início ao fim do longa. Já começando com um enredo completamente chocante e revoltante, o filme contém sequências difíceis de digerir e provoca um mix de sensações perante o protagonista. Brutal e duro de se acompanhar, Oldboy retrata a perversidade humana de um jeito impossível de tirar os olhos da tela. Com um roteiro extremamente amarrado e personagens emblemáticos (como podemos ver, uma marca do diretor), o longa é genial e obrigatório.
3. Memórias de um Assassino (2003)
Sinopse: Do mesmo diretor do vencedor de Parasita, Bong Joon-ho, Memórias de um Assassino trás um drama policial inspirado em um tema traumático para a história sul-coreana: uma série de feminicídios cometidos por um assassino em série em uma pequena cidade no ano de 1986.
Aqui, Bong Joon-ho traz, com seu talento característico de mescla de gêneros, um drama policial sobre um tema sério e doloroso com pitadas de comicidade e deboche por parte dos policiais, retratados como autoridades incompetentes e abusadoras de seu poder. Um trauma relativamente recente na época: o registro do primeiro serial killer do país, é retratado no filme com uma condução extremamente angustiante, porém, fácil de assistir, culminando no final do filme que retrata a realidade, e não uma saída narrativa confortável ou ficcional.
Recomendado para os fãs de true crime e investigação, Memórias de um Assassino tem diversas camadas e demonstra, mais uma vez, o talento do diretor vencedor do Oscar.
4. Peppermint Candy (1999)
Sinopse: Com uma das cenas iniciais chocantes e definitivas para o resto do filme, voltamos na vida de Yong-ho em algumas vinhetas para entender o conjunto de acontecimentos e motivos que ocasionaram seu suicídio.
Do diretor Lee Chang-dong, um dos mais aclamados de seu país, Peppermint Candy é um filme com narrativa não-linear, começando do fim. Com menção a alguns momentos traumáticos sofridos pela nação, o longa utiliza de seu protagonista e de acontecimentos trágicos de sua vida para ilustrar o histórico sentimento de Han coreano: frustração, derrota, impotência e tristeza diante dos traumas vividos. Yong-ho, portanto, serve como uma alegoria de seu país. Com elementos narrativos muito fortes que ligam o espectador de vinheta a vinheta, como a bala de menta, a câmera e a ferida na perna do protagonista, somos levados a entender como este se tornou uma pessoa tão odiosa e violenta ao longo dos anos.
Com referências ao massacre de Gwangju (1980), ditadura militar e a crise do IMF (1997), o longa é imperdível para entender não só um pouco da história da Coréia do Sul, como apreciar o êxito do diretor de conseguir que tenhamos empatia por uma pessoa tão difícil em uma forma de condução da narrativa tão singular.
Sobre o Autor
Olá! Sou a Victoria, graduanda em Cinema e Audiovisual na UFF ♡ Amo criar, escrever e produzir, principalmente sobre Cinema e Cultura Pop! Espero que curtam meu conteúdo. Atualmente obcecada pela filmografia coreana, mas serei sempre a maior admiradora de comédias românticas desse mundo 🙂
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