ANALISANDO FRAMES – STAR WARS, 1977

ANALISANDO FRAMES – STAR WARS, 1977

Quando estamos assistindo a um filme, por diversas vezes nos pegamos observando a beleza de um frame específico enquanto a câmera se dedica a mostra-lo por alguns segundos. Isso seja pelo nosso real encanto pelo quadro ou pelos significados que ele traz. E esses tais significados são exatamente o que vamos trazer para cá e tentar analisar alguns dos mais famosos – e outros nem tanto – frames do cinema.

Toda vez que um diretor decide como vai contar sua história em um filme, aquela mesma história escrita pelo roteirista, ele dispõe de um vasto campo de possibilidades. O que assistimos portanto é um apanhado desses elementos fílmicos que estão à disposição do cineasta e que dão mais camadas a uma determinada cena ou contexto da história, ou até mesmo de seus personagens. Mas sempre são usados para que o diretor possa realizar o filme de acordo com sua visão artística. Chamamos isso de linguagem cinematográfica. E os elementos que a compõem são aqueles mesmos que já conhecemos tanto, mas que muitas vezes não damos a real importância nas grandes premiações, como no Oscar. É a cinematografia, edição, figurino, design de produção e podemos ir citando mais outros vários elementos.

Contudo é bom abrirmos um parênteses aqui. Nem todo filme ou todo diretor, ou até mesmo toda cena, vai trabalhar com a linguagem cinematográfica para dar mais significados ou mais camadas. Há aqueles exemplos que querem apenas mostrar algo, que querem algo mais direto. Mas pode ter certeza que um bom diretor, um bom contador de história vai sim aproveitar cada elemento dessa linguagem fílmica.

E para começar vamos com um filme famoso que você provavelmente já assistiu ou pelo menos ouviu falar: Star Wars de 1977, escrito e dirigido por George Lucas. Repare nesse famoso frame do longa onde temos nosso protagonista em um momento mais contemplativo.

 

 

Antes da analisar a imagem, vamos com um pouco de contexto. Luke Skywalker é o nosso protagonista e o roteiro de Star Wars segue basicamente a jornada do herói. Nesse momento ele vive o dilema de não poder ir rumo à sua aventura por causa de sua família, que é o chamado do destino dentro dessa jornada.

Então note como o personagem aparece no meio entre aquilo que o prende e o destino para aonde quer ir. Ele deseja explorar o universo, ir rumo à fantasia, o novo. Por isso os dois sóis na imagem, eles representam o destino de Luke. Mas, não por acaso, temos um iglu representando seu impasse. É a família que o segura, seu lar, e nada melhor que o iglu para ser essa tradução já que é um tipo de casa que está enraizada junto ao chão. Então, no primeiro momento, Luke recusa o chamado e fica preso à suas raízes com, literalmente, os pés no chão.

 

 

Repare que no enquadramento os dois sóis estão na parte direita superior do frame. Se dividirmos o frame em quatro partes, notamos que o quadrante em que eles estão é o mais “empoderado”, enquanto o outro é justamente o mais “fraco”. E para reforçar essa ideia de dilema, note como estão em praticamente posições opostas no frame.

 

 

É interessante ver como os cineastas pensam em seus filmes e como usam a linguagem cinematográfica para nos contar uma história. Existem diversos detalhes e elementos que os diretores usam, como no exemplo acima que George Lucas fez. Ele se dispôs da fotografia, enquadramento dos elementos do design de produção, efeitos visuais, tudo para criar o contexto que precisava para nos contar sobre o dilema de seu protagonista. Em um momento de contemplação, onde a câmera apenas está parada, nos deixando uma imagem belíssima, mas carregada de significados.

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