CRÍTICA – AO SEU LADO

CRÍTICA – AO SEU LADO

Filmes LGBTQIA+, no geral, costumam trazer histórias trágicas, sem finais felizes, ou cair em estereótipos e questões já “batidas”, como a aceitação e a descoberta da sexualidade. Não é o caso de “Ao Seu Lado”, até certo ponto. O filme britânico traz uma realidade em que o preconceito não é uma questão, ainda mais se tratando de um contexto esportivo: o rugby. Na verdade, o esporte, nesse caso, é um meio de acolhimento, afinal, trata-se de times de homens gays. E é a partir daí que acompanhamos o romance às escondidas entre dois desses jogadores gays brancos, cisgêneros e sarados – e, convenhamos, nada carismáticos. 

O fato de se tratar de um romance gay que teoricamente não traria esses enredos que estamos cansados de assistir poderia ser uma forma de evolução narrativa dentro desse nicho, ainda mais se tratando de homens que são o auge do que a sociedade define como padrão, mesmo que gays, já que poderia funcionar como porta de entrada para quebrar certos preconceitos. Entretanto, traz de maneira pejorativa temas que poderiam ser abordados com muito mais cuidado. Algo que poderia ser uma discussão sobre a não monogamia, por exemplo, é tratado como promiscuidade ou até mesmo falta de preocupação com os sentimentos da outra pessoa. Um potencial totalmente desperdiçado.

Esses pontos, somados com um roteiro que não sabe pra onde quer seguir e com personagens nada profundos ou atrativos, poderiam ser relevados se a técnica fosse interessante ou inovadora. Clichês como a câmera lenta em cenas românticas e/ou sexuais são bem frequentes. Isso, inclusive, não é homoerótico e não traz uma estética “cult” para ganhar meia dúzia de festivais. É só fetichista. Ainda mais ao pensarmos que explora corpos de homens sarados. Que novidade ver corpos padrões sendo tratados como objetos de desejo, não é mesmo?

É triste pensar que o filme poderia ser muito mais. Ele joga muitas tramas em cima da gente, mas não dá tempo de desenvolver nenhuma com louvor. Traz, logicamente, o romance, mas também temas como a amizade no meio gay, não-monogamia, a possibilidade do afeto na comunidade, entre outros. Todavia, também traz muita sexualização, aborda a rivalidade no meio gay, o único personagem fora do padrão é tratado como um alívio cômico… Difícil! Fora tudo isso, é um filme em que não temos nada muito concreto. É só um filme de romance besta? É para ser uma discussão profunda sobre relações falidas e a monogamia? É para nós chorarmos?

Bom, “Ao Seu Lado” definitivamente está longe de ser um divisor de águas ou um filme LGBTQIA+ marcante. Aliás, se eu fosse classificá-lo, seria como um filme somente G com tramas que foram melhor retratadas em obras dos anos 1990. Se você não se importa com isso, vá fundo! É, no mínimo, um filme para assistir sem pensar muito. Infelizmente, é uma obra sobre gays brancos com problemas de gays brancos. Isso já foi feito tantas vezes e de maneiras beeeeem melhores. Talvez a proposta seja para um público bem nichado mesmo. Apesar dos personagens não fugirem tanto de uma heteronormatividade, é legal o fato de trazerem a temática do esporte sem que a sexualidade deles seja um problema. 

Filme: In From The Side (Ao Seu Lado)
Elenco: Alexander Lincoln, Alexander King, Alex Hammond, William Hearle, Pearse Egan, Christopher Sherwood, Chris Garner, Peter McPherson
Direção: Matt Carter
Roteiro: Adam Silver, Matt Carter
Produção: Reino Unido
Ano: 2022
Gênero: Drama, Romance
Sinopse: Após um encontro inusitado após uma festa, dois jogadores de rúgbi de um clube em decadência acabam se envolvendo romanticamente, mas devem esconder seus sentimentos crescentes ou arriscar destruir o clube que amam.
Classificação: 16 anos
Distribuidor: A2 Filmes
Streaming: Indisponível
Nota: 4,0

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