TOP GUN: MAVERICK

TOP GUN: MAVERICK

Em 1986, quando Top Gun: Ases Indomáveis – filme baseado em um artigo do jornalista israelense Ehud Yonay – foi lançado, a crítica não se furtou de pontuar os problemas do longa, entretanto a bilheteria daquele ano deu uma resposta contrária. Top Gun faturou 356,8 milhões de dólares e se tornou o maior sucesso daquele ano.

O filme se apegava ainda ao conflito silencioso entre Estados Unidos e União Soviética, mas esse pano de fundo servia apenas para justificar o treinamento e as cenas aéreas envolvendo os aspirantes da Escola de Armas de Caças da Marinha estadunidense. Entretanto não podemos falar sobre Top Gun sem mencionar o ator Tom Cruise. Mesmo este sendo um dos primeiros filmes mais expressivos da sua carreira, é ele quem toma conta de todo o longa dirigido por Tony Scott (Déjà Vu, Incontrolável, Inimigo do Estado).

Mais de 30 anos se passaram e nos vemos de frente com a continuação desse clássico. Agora, em 2022, o longa chamado Top Gun: Maverick, dirigido por Joseph Kosinski (Tron: O Legado e Oblivion), deixa claro quem é o seu protagonista antes mesmo do filme começar. E novamente preciso ressaltar a importância de Tom Cruise (Maverick), não só para esse filme, como para todos os filmes de ação que ele protagoniza, sendo o maior deles, Missão Impossível que, em 2023, deverá ter o sétimo filme da franquia chegando aos cinemas. A sua presença nesses títulos atrai os holofotes para as produções antes mesmo delas serem lançadas. Para esta continuação de Top Gun, diante de tantas informações que foram noticiadas, a expectativa era altíssima e o relato de quem já teve o prazer de assistir ao filme, no caso eu, é que o filme é um gracejo só. Emociona, nos deixa aflitos, rende boas risadas e ao fim estamos vibrando como se lá, dentro da grande tela, estivéssemos. Assisti-lo no cinema, numa sala IMAX, foi uma das melhores experiências que tive nos últimos anos.

Antes de mais nada é preciso citar que Top Gun: Maverick é uma defesa, uma verdadeira carta de amor ao primeiro filme. Há uma lembrança muito forte do personagem Goose (Anthony Edwards) – a cena em que Maverick olha para Rooster (Miles Teller) tocando piano é impossível de conter as lágrimas – e uma homenagem sincera ao ator Val Kilmer (Ice) que, em 1986, era o grande concorrente do personagem Maverick pela primeira colocação no curso, e o corresponsável, juntamente com Tom Cruise, pelas cenas que marcaram o filme para a crítica Pauline Kael, como um “comercial homoerótico brilhante”. Em Top Gun: Maverick ele é o Almirante Tom ‘Iceman’ Kazansky, um amigo leal e, talvez, o ultimo a confiar no talento do Capitão Pete ‘Maverick’ Mitchell. A cena em que eles estão frente a frente, apesar do dialogo não ser extenso, devido a doença de Kilmer, é extremamente emocionante. O drama ali é verdadeiro e sofremos junto com os personagens ao ver todo o esforço do ator.

O filme de 1986 se dava em torno desses três personagens: Maverick, Goose (o fiel escudeiro) e Ice, seu único adversário. Ainda havia um pequeno espaço para a personagem Charlie (Kelly McGillis), a qual vivia um romance com Maverick, entretanto tudo foi tão superficial e através de cenas sem fluidez que este elemento deve ter sido colocado propositalmente para defender a cartilha da heteronormatividade no filme.

Agora, em 2022, a estrutura dos personagens é a mesma. A trinca é constituída por Maverick que continua sendo o mesmo, Rooster (nem preciso dizer quem é) e Hangman (Glen Powell) – o aspecto físico e a sua personalidade se assemelham muito com o personagem Ice. O romance fica a cargo, novamente, de Maverick com uma antiga namorada – citada no filme de 1986 – Penny Benjamin (Jennifer Connely). Aqui o romance, finalmente, dá certo. A química entre os atores está na medida certa. As várias cenas entre eles possuem o tempo necessário para que o publico consiga se concentrar neles e perceber que há um sentimento forte crescendo ali. Afinal quem não gosta de um revival? Amores antigos sempre atingem em cheio o espectador e aqui não foi diferente.

Joseph Kosinski foi muito feliz em captar a essência do primeiro filme e melhorar praticamente tudo o que precisava ser melhorado. Enquanto que em 1986 a escola é formada apenas por homens e, em sua maioria, brancos, agora vemos mulheres, homens negros e latinos, além de diálogos inclusivos, ou seja, o visual e o áudio convergindo para o entendimento dessa diferença. Mas é na sustentação do que de melhor existia no primeiro filme que Kosinski ganha o público. Impossível não se arrepiar com a primeira cena, os operários na pista do porta-aviões, aquela cor crepuscular iluminando toda a tela, a trilha sonora facilmente reconhecida da década de 80 e lá estamos nós conectados novamente com essa nova história em questão de minutos. Tom Cruise disse em entrevista que gostaria que a continuação de Top Gun: Ases Indomáveis fosse realizada quando a tecnologia fosse capaz de captar a força dos caças em sua plenitude de movimentos. O que vemos em 2022 são cenas absurdamente tensas, que nos deixam sem folego, arrisco dizer que a adrenalina daqueles que estão nas cadeiras do cinema chega a aumentar, tamanha a vivacidade e expansão sensorial dessas cenas em questão.

Tom Cruise é um showman, isso é inegável, mas o elenco esteve à altura desse grande astro. Era como se Tom Cruise fosse o Sol e os outros atores orbitassem em uma completa harmonia rítmica em volta dele.

Top Gun: Maverick se faz, ainda, através de uma espécie de ode a guerra, entretanto está muito mais preocupado com o individuo do que com o interesse, a um primeiro momento, político. É bem verdade que quando o tema tenta caminhar para este lado encontra barreiras lógicas, mas que logo perdem importância tamanha a qualidade em como o diretor e o próprio roteiro, escrito por Peter Craig, conseguem mudar de foco sem perder o fio da história.

O titulo conseguiu ser reinventado e ganha folego com a inserção dos novos talentos no elenco. Basta saber se há mais por vir. Top Gun: Maverick provou que, em se tratando de Tom Cruise, nunca podemos duvidar de nada.

Conselho de amigo: Assista esse filme nos cinemas!


Filme: Top Gun: Maverick
Elenco: Tom Cruise, Val Kilmer, Miles Teller, Jennifer Connelly, Bashir Salahuddin, Jon Hamm, Monica Barbaro, Glen Powell, Ed Harris, Danny Ramirez, Jay Ellis, Lewis Pullman
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Jim Cash, Jack Epps Jr., Peter Craig
Produção: Estados Unidos
Ano: 2022
Gênero: Ação
Sinopse: Depois de mais de 30 anos de serviço como um dos principais aviadores da Marinha, Pete “Maverick” Mitchell está de volta, rompendo os limites como um piloto de testes corajoso. No mundo contemporâneo das guerras tecnológicas, Maverick enfrenta drones e prova que o fator humano ainda é essencial.
Classificação: 12 anos
Distribuidor: Paramount Pictures
Streaming: Indisponível
Nota: 8,2

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