Voltando para casa depois de assistir a comédia “Os Farofeiros 2”, fiquei me perguntando qual exatamente seria o público dele. Porque o gênero comédia, imagino, deve agradar a um número bastante grande de espectadores, diria até que quase a totalidade das pessoas que gostam de cinema. Não acredito, porém, que seja o caso do filme em questão, que arrisco afirmar ser um subgênero dentro do gênero comédia — um tipo de filme de humor com características bastante específicas dentro desse universo; e que, portanto, naturalmente não alcançaria um público tão amplo, apenas uma fatia dele. Ou seria o contrário?
Não ter gostado de “Os Farofeiros 2” não tem a menor importância porque não me vejo como parte de seu público, e porque dificilmente sairia de casa pra ver um filme como esse numa sala de cinema; assim como hoje em dia jamais sairia de casa para ver uma animação da Disney, por exemplo (fiz muito disso quando minha filha era pequena). Não é arrogância. É apenas gosto pessoal.
Pensando assim, então, tento me colocar no lugar do espectador ideal de “Os Farofeiros 2”. Um cidadão que gosta de um tipo de comédia mais escrachada, sem muita sutileza, com personagens propositalmente interpretadas sempre dois ou três tons acima do aceitável — por que raios Danielle Winits grita tanto o tempo todo? Um tipo de comédia com roteiro simplório também, exigindo pouco esforço intelectual do espectador. Para esses espectadores, “Os Farofeiros 2” entrega o que promete; é satisfação garantida porque é um produto muito semelhante àquele fartamente exibido na televisão, nos canais a cabo, principalmente, com público cativo.
Seria leviano, porém, dizer que não ri durante todo o filme. Ri algumas vezes de algumas situações bem construídas, de algumas piadas relativamente boas. E há também cenas bem filmadas, principalmente aquelas em que as crianças estão todas juntas na sala da diretora falando das férias em comum. A cena, divida em partes, é boa, bem montada e dirigida. As crianças estão bem. E tem também a cena em que a turma de farofeiros para num daqueles restaurantes de beira de estrada, daquelas redes carésimas. Dei muita risada com aquela situação porque é exatamente aquilo mesmo, os preços são abusivos, e você precisa deixar as calças dependendo do que consumiu. Pura extorsão. Quem viaja bastante de ônibus sabe muito bem disso. É outra cena bem filmada ainda mais porque tem vínculo com a realidade, criticando-a duramente pela via do humor.
O filme custou 7 milhões de reais. Achei um tanto exagerado. É bastante dinheiro para uma comédia sem tanta graça. Um filme que, infelizmente, logo esqueceremos.
Filme: Os Farofeiros 2 |