A corrida para o Oscar 2023 tem tudo para entregar diversas surpresas. Já foi assim com as indicações quando observamos algumas ausências surpreendentes, indicações polêmicas e gratas surpresas nas mais diversas categorias.
Baseado nos principais termômetros do circuito de premiação, nós, do Club do Filme, montamos um listão dividido em duas partes para te ajudar com o bolão do Oscar, com quem acreditamos ser os grandes favoritos de cada categoria, quem está no páreo e pode vencer e as zebras mais prováveis de acontecer na premiação. Para facilitar, escrevemos um texto para todas as categorias e abaixo o veredito que sintetiza toda a argumentação.
Melhor Filme
A principal categoria da noite. Em qualquer outro ano, Os Fabelmans seria o grande favorito; e assim foi por grande parte do início da temporada de premiações, principalmente depois de sua estreia incrível no TIFF e com um apelo fortíssimo para o Oscar. Não só é um drama familiar maduro, como é uma autobiografia de Steven Spielberg, um dos maiores diretores do cinema moderno — aquele que redefiniu os “arrasta-quarteirões”, os famosos blockbusters. Até mesmo Top Gun: Maverick e Os Banshees de Inisherin seriam apostas seguras, mas não em 2023. Depois de receber 11 indicações, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo mostrou que é um fenômeno a ser vencido.
O longa fez a limpa nos prêmios dos Sindicatos (PGA, DGA e WGA), SAG e Independent Spirit Awards. Com outras vitórias contundentes no Globo de Ouro e Critics Choice Awards.
Algumas estatísticas só credenciam ainda mais o franco-favoritismo de Tudo em Todo Lugar. Como por exemplo, nos últimos 10 anos apenas 3 filmes (A Grande Aposta, La La Land e 1917) que venceram o prêmio principal dos Sindicatos dos Produtores (PGA) não receberam o Oscar de Melhor Filme. Desta forma, nada parece ser desfavorável para o longa dos Daniels. O único ponto, ao meu ver, está relacionado a não-convencionalidade do filme. Tudo em Todo Lugar é uma comédia-ação-fantasia misturada com ficção científica, bem fora do convencional do que a Academia costuma premiar. Mas até aí já fomos surpreendidos positivamente com a reparação histórica de O Segredo de Brokeback Mountain e Roma a partir da vitória de Moonlight e Parasita, respectivamente.
Dessa forma, os únicos que acredito que podem tirar o Oscar dos produtores Jonathan Wang, Kwan e Scheinert são: Os Banshees de Inisherin, que disputa diretamente com Tudo em Todo Lugar na categoria de Melhor Roteiro Original, Nada de Novo no Front, vencedor do BAFTA que promete fazer a limpa nas categorias técnicas da Oscar — o que pode atrapalhar a sua campanha está no fato de Edward Zerger, diretor do filme, não ter sido indicado e precisar vencer Entre Mulheres em Roteiro Adaptado —, e Os Fabelmans caso Spielberg consiga levar na categoria de Melhor Direção.
Os demais filmes correm muito por fora, com exceção de Top Gun: Maverick, que tem potencial para surpreender pelo fato de ter sido o blockbuster do ano, ao lado de Avatar: O Caminho da Água.
Dito isso…
Favorito: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Podem vencer: Os Banshees de Inisherin ou Os Fabelsman
Zebras: Nada de Novo no Front ou Top Gun: Maverick
Melhor Direção
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Daniel Kwan & Daniel Scheinert (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
- Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
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Steven Spielberg (Os Fabelmans)
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Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza)
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Todd Field (Tár)
Aqui a briga é geracional: Steven Spielberg — aos 76 anos, mais de 30 filmes na carreira e 2 Oscares na categoria de direção (com outras 22 indicações em todas as categorias) — contra Os Daniels (Daniel Scheinert e Daniel Kwan) — ambos com 35 anos, em seu segundo longa juntos e nenhum Oscar na prateleira (em suas primeiras indicações).
É seguro citar, então, que Spielberg, um dos realizadores mais importantes do cinema moderno e em seu filme mais pessoal da carreira, seja o grande favorito, com os Daniels tentando fazer história ao se tornarem apenas a terceira dupla a vencer nesta categoria. No entanto, a vitória de Kwan e Scheinert no Sindicato dos Diretores e nos Critics Choice Awards os credencia o grande posto de favoritos; em contrapartida ao realizador septuagenário que, dos prêmios televisionados, ganhou “apenas” o Globo de Ouro.
Todd Field, cujo os seus 3 filmes até então receberam indicações ao Oscar, e Ruben Östlund, duas vezes vencedor da Palma de Ouro e que estava na fila para uma indicação nesta categoria, correm por fora. Sem muito espaço para zebras, acredito que o único que pode ter força de tirar as estatuetas de uma dessas mãos é Martin McDonagh com Os Banshees de Inisherin, mas ainda sim muito improvável que algo deste tipo aconteça.
Favorito: Os Daniels (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
Pode vencer: Steven Spielberg (Os Fabelsman)
Zebra: Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
Melhor Ator
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Austin Butler (Elvis)
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Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)
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Brendan Fraser (A Baleia)
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Paul Mescal (Aftersun)
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Bill Nighy (Living)
Dentre as categorias principais do Oscar 2023, a de Melhor Ator é de longe a mais disputada, pois qualquer um dos três que estão no páreo tem chances reais de ganhar. Brendan Fraser talvez seja aquele que tem os principais apelos para ganhar: o ator venceu o Critics Choice Awards e SAG (Sindicato dos Atores), reinou nos circuitos estaduais dos Estados Unidos, foi ovacionado de pé no TIFF (um dos principais termômetros para o Oscar), possui uma história de superação incrível atrás das câmeras e entregou uma das atuações mais espetaculares dos últimos anos; é a minha torcida e acredito que ele venceria também em qualquer outro ano que concorresse. O Oscar pode (e deve) coroar essa volta triunfal do ator que marcou os anos 90/2000. Todo esse organismo atuando em conjunto forma uma campanha grandiosa difícil de bater.
Difícil, mas não impossível. Uma das grandes revelações do ano, Austin Butler — o galã teen das séries da Nickelodeon e Disney — vem embalado por uma vitória emblemática (e inesperada) no BAFTA, desbancando os favoritos dos britânicos: Colin Farrell e Bill Nighty. Conhecido como “o Oscar Inglês”, a premiação já foi responsável por proporcionar reviravoltas no Oscar, como em 2021 quando Anthony Hopkins desbancou o favoritismo de Chadwick Boseman. Por mais que Butler ainda seja cara nova na indústria, vale destacar que o ator está indicado por uma cinebiografia, que, como todos sabem, são vistas com carinho especial da Academia. Se os apelos e os prêmios estão do lado de Fraser, as estatísticas pendem para Butler. Nos últimos anos 4 anos, 6 atores que interpretaram personalidades reais venceram alguma das categorias de atuação (no ano passado tanto o vencedor de Melhor Ator quanto a premiada na de Melhor Atriz foram por cinebiografias, vale ressaltar).
Porém, não dar para subestimar Farrell. O ator viveu um ano de ouro e se mostrou muito versátil atrás das câmeras: indo do cinema independente (After Yang) ao blockbuster (The Batman) com muita facilidade. Dentre os nomes da categoria, talvez ele seja o mais em alta em volume de trabalho e aclamação. Só que ter perdido o BAFTA e com apenas uma vitória no Globo de Ouro e em circuitos menores, pode não ser o suficiente perante os demais nomes. Dessa forma…
Favorito: Brendan Fraser (A Baleia)
Pode vencer: Austin Butler (Elvis)
Zebra: Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)
Melhor Atriz
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Cate Blanchett (Tár)
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Ana de Armas (Blonde)
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Andrea Riseborough (To Leslie)
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Michelle Williams (Os Fabelmans)
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Michelle Yeoh (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
Ao contrário da categoria anterior, a de Melhor Atriz está completamente polarizada entre duas gigantes: Cate Blanchett, em busca do seu terceiro Oscar, e Michelle Yeoh tentando fazer história ao se tornar a primeira asiática a ganhar nesta categoria. A primeira, veteraníssima e queridinha da Academia, venceu os principais prêmios da temporada (Globo de Ouro, Critics Choice Awards e BAFTA) pela sua interpretação emblemática de Lydia Tár — credenciada por muitos (e por mim) como a melhor atuação da carreira da atriz. O SAG, que, caso Blanchett ganhasse, tornaria praticamente impossível tirar as estatuetas das mãos dela, nivelou ainda mais a disputa com a vitória de Yeoh às vésperas da premiação. Outro prêmio que aquece ainda mais a disputa foi a vitória de Yeoh no Independent Spirit Awards dois dias depois das votações ao Oscar terem se iniciado.
Depois de ter sido esnobada por O Tigre e o Dragão, a atriz volta a premiação 23 anos depois pela atuação de sua vida em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Ela é a alma do filme, entrega literalmente tudo em sua performance e tem a minha torcida para receber a estatueta. Porém, infelizmente, ela se encontra em uma posição desfavorável em relação a sua concorrente por outro motivo além dos prêmios: o tom de sua atuação. Yeoh abraça por completo o absurdo da trama do filme dos Daniels e embarca nessa viagem que se transmuta a todo tempo, flertando com a sátira, drama, ação e comédia; muito fora do convencional do que a Academia costuma premiar (em 2021, Carey Mulligan, que perdeu para Frances McDormand, se encontrava numa situação parecida). Blanchett, por outro lado, entrega a cartilha que os votantes amam: um estudo de personagem profundo e feito com excelência. Agora, resta saber o que vão preferir para essa categoria: seguir com a disrupção que esse Oscar promete entregar ou jogar no confortável. Independente da escolha, as duas merecem.
Favorito: Cate Blanchett (Tár)
Pode vencer: Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
Zebra: –
Melhor Ator Coadjuvante
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Brendan Gleeson (Os Banshees de Inisherin)
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Brian Tyree Henry (Passagem)
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Judd Hirsch (Os Fabelmans)
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Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin)
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Ke Huy Quan, (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
Nesta categoria vou evitar rodeios, pois talvez seja a mais fácil de bater o martelo de quem será o premiado da noite: Ke Huy Quan, de Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, pela sua interpretação de Waymond Wang, o marido carismático e amoroso de Evelyn Wang. Quan confere diversas camadas as várias versões de seu personagem ao redor do multiverso e em determinados momentos quase o rouba o filme para si — com destaque para a cena que emula um universo de Wong Kar-Wai. Por sinal, Quan já trabalhou com o diretor em questão no filme 2046 como assistente de direção.
Se Yeoh e Blanchett disputam prêmio a prêmio a dianteira da categoria delas, Quan sobra fazendo a limpa em todos os prêmios que disputou até então (do Globo de Ouro ao SAG). Se isso já não seria o suficiente para consagrar o seu franco favoritismo, o ator possui uma história de superação que merece os palcos do Oscar 2023. Para quem não está familiarizado com a sua jornada, ele estava praticamente aposentado por não receber mais oportunidades em Hollywood desde seus papéis mirins em Goonies e Indiana Jones e o Templo da Perdição. Estar de volta com toda essa pompa e ser coroado por isso será uma grande reviravolta em sua carreira; que justiça seja feita.
Os demais concorrentes Barry Keoghan e Judd Hirsch são provavelmente os mais próximos de Quan nessa corrida, ainda que muito distantes. O primeiro está espetacular em Os Banshees de Inisherin e foi agraciado com uma vitória grandiosa no BAFTA. Hirsch está de volta ao Oscar depois de 43 anos e aos 87 de vida pelo seu trabalho em Os Fabelmans, onde com pouquíssimo tempo de tela conseguiu conquistar o público e a Academia pelo seu diálogo transformador com Sammy.
Enquanto isso, a indicação de Brian Tyree Henry por si só já é uma vitória e Brendan Gleeson, apesar de essencial para o funcionamento da trama do filme de McDonagh, não possui chances também.
A verdade é: só existe um vencedor para essa categoria e o nome dele já está cravado na estatueta tem tempos.
Favorito: Ke Huy Quan, (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
Pode vencer: –
Zebra: –
Melhor Atriz Coadjuvante
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Angela Bassett (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
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Hong Chau (A Baleia)
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Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)
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Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
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Stephanie Hsu (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
As categorias de personagens coadjuvantes sempre são legais de se assistir por trazerem frescor para os indicados e vencedores, fugindo um pouco das convenções batidas e repetitivas das categorias principais. A exemplo de Troy Kotsur, que nos presenteou um dos discursos mais bonitos da história do Oscar (nem mesmo o tradutor de libras conseguiu segurar a emoção).
Mais do que a de coadjuvantes masculinos, esta talvez seja a categoria mais fora do convencional do ano. Por possuir apenas duas atuações de drama (Kerry Condon e Hong Chau), enquanto as demais são outras duas de comédia (Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu) e outra num filme de herói da Marvel (Angela Bassett). Até então, Bassett é a grande favorita, por ter vencido o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards. A atriz volta a maior premiação de cinema 30 anos depois de ter sido indicada pela primeira vez em busca de fazer história, pois caso vença ela entrará num seleto grupo formado por Heath Ledger e Joaquim Phoenix. Sua vitória, contudo, estaria praticamente garantida, tal qual a de Ke Huy Quan, caso tivesse vencido o SAG Awards (Sindicado dos Atores), que acabou ficando com a veterana Jamie Lee Curtis em, pasme, sua primeira indicação. Conhecida como a primeira Final Girl da história, Curtis fez de fato o seu nome nas comédias, onde foi esnobada duas vezes por True Lies e Sexta-Feira Muito Louca. Novamente em um papel cômico e propositalmente caricato, a atriz busca dar a volta por cima e as suas chances nunca foram tão reais quanto agora. Qual veterana será que o Oscar vai escolher premiar?
Por outro lado, Stephanie Hsu era a minha torcida para disputar ao lado de Bassett. A sua dupla interpretação em Tudo em Todo Lugar beira a perfeição, além de ser uma das grandes responsáveis por conferir e reafirmar o tom do filme dos Daniels — sem ela, o filme não funcionaria, fato. O problema é que ela pode dividir votos com Jamie Lee Curtis, o que favorece ainda mais a campanha de Bassett. Kerry Condon, por sua vez, venceu o BAFTA, e, por conta disso, acredito que ela seja a zebra mais provável a se apostar pela sua força aparente dos votantes europeus.
Favorito: Angela Bassett (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
Pode vencer: Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
Zebra: Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)
Melhor Roteiro Original
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Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
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Daniel Kwan & Daniel Scheinert (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
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Steven Spielberg & Tony Kushner (Os Fabelmans)
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Todd Field (Tár)
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Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza)
Outro nome que pode ter forte apelo com os votantes europeus é Östlund pela sua sátira social de Triângulo da Tristeza, o problema para a sua campanha é que Parasita já foi premiado anos antes com um discurso de classes parecido e muito mais sútil e inteligente. Temas tratados e discutidos são muito importantes nesta categoria e por isso acredito que Tár supere os demais concorrentes como possível zebra, por trazer como ponto central a discussão a respeito de separar a arte do artista e cultura do cancelamento; temas que tem ganhado cada vez mais força atualmente.
Mesmo assim, a disputa mesmo está entre McDonagh e os Daniels. O primeiro é um grande escritor de peças que há anos está na fila do Oscar e tendo em vista o grande favoritismo de Tudo em Todo Lugar na categoria principal e de direção, essa pode ser uma oportunidade da Academia celebrar o grande feito do diretor e roteirista em Os Banshees de Inisherin.
Mas mesmo com todo essa força aparente que tanto o nome de McDonagh como o seu filme carregam. É difícil não falar que o longa dos Daniels não seja o grande favorito aqui também. Originalidade é uma das principais características de Tudo em Todo Lugar e com certeza esse fator será levado em conta pelos votantes. Um forte indício disso foi a sua última vitória pré-Oscar, agora, pelo Writers Guild of America (o Sindicato dos Roteiristas).
Favorito: Daniel Kwan & Daniel Scheinert (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
Pode vencer: Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
Zebra: Todd Field (Tár)
Melhor Roteiro Adaptado
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Edward Berger, Lesley Paterson & Ian Stokell (Nada de Novo no Front)
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Rian Johnson (Glass Onion: Um Mistério Knives Out)
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Kazuo Ishiguro (Living)
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Ehren Kruger, Eric Warren Singer & Christopher McQuarrie (Top Gun: Maverick)
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Sarah Polley (Entre Mulheres)
A Academia adora utilizar essa categoria para exaltar os remakes de língua inglesa de clássicos internacionais. Foi assim com O Infiltrado e No Ritmo do Coração e pode ser assim com Living, baseado em Ikiru (1954) do lendário Akira Kurosawa. Além disso, o longa é escrito por Kazuo Ishiguro, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2017, o que pode conferir uma certa força para sua campanha.
Ainda que seja tentador para os votantes essa exaltação, acredito que Nada de Novo Front e Entre Mulheres encabecem a categoria.
O primeiro é um dos filmes mais indicados do ano (9) e promete brigar na dianteira do principal prêmio da noite, mas para isso acontecer essa categoria é fundamental para uma possível consagração. Todavia, parece que o favoritismo cai nas mãos de Sarah Polley, a única mulher indicada nas principais categorias, com um filme forte, pesado e discutindo temas caros a partir de um elenco feminino repleto de grandes estrelas. Não premiá-la seria um tiro no pé da própria Academia que tanto discursou acerca do incentivo da diversidade. Contudo, isso não é o único ponto válido pelo qual Entre Mulheres merece ganhar. O texto do filme é excelente e realmente é o melhor dentre os indicados. Sua vitória parece estar próxima da realidade ao vencer a categoria de Roteiro Adaptado no Sindicato dos Roteiristas.
Favorito: Sarah Polley (Entre Mulheres)
Pode vencer: Edward Berger, Lesley Paterson & Ian Stokell (Nada de Novo no Front)
Zebra: Kazuo Ishiguro (Living)
Melhor Animação
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Marcel the Shell with Shoes On
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Gato de Botas 2: O Último Pedido
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A Fera do Mar
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Red – Crescer é uma Fera
Pela primeira vez em muito tempo, vemos um Oscar em que um filme da Disney não está entre os grandes favoritos da noite e isso não está relacionado a qualidade porque Red é ótimo no que se propõe, mas a animação parece estar atrás nessa disputa. Assim, observamos talvez um novo grande nome surgindo nesta categoria: a Netflix; e uma possível derrocada do estúdio do Mickey pós-Encanto caso isso se confirme. No entanto, nunca podemos subestimar a força da Disney-Pixar nessa categoria, que já a venceu por filmes muito mais divisivos do que Red.
Não é de agora que a gigante dos streamings tem emplacado animações de qualidade (tanto seriadas quanto em longas-metragens), como Klaus e A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, que perderam em 2020 e 2022, respectivamente. Agora, com 2 filmes indicados em 2023, nada parece tirar o Oscar de Del Toro e sua versão sombria da história de Pinóquio e as suas 5 vitórias no Annie Awards, o Oscar das animações, só confirmam isso. No entanto, era esperado que a produção em stop-motion fosse indicada em outras duas categorias: Canção Original e Trilha Sonora Original. Ter sido esnobada nelas pode inferir que a disputa entre Pinóquio e Marcel the Shell with Shoes On e os demais concorrentes seja muito mais parelha do que antecipávamos.
Para trazer ainda mais emoção, Gato de Botas 2 foi uma das maiores surpresas do final do ano passado. O filme mescla com perfeição a estética de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso com o que conhecemos de animação clássica, se tornando o melhor filme do UCS — Universo Cinematográfico do Shrek — desde as duas primeiras animações originais. É a Dreamworks voltando aos eixos e mostrando que ainda consegue entregar boas histórias como no passado.
Favorito: Pinóquio por Guillermo Del Toro
Pode vencer: Marcel the Shell with Shoes On
Zebra: Gato de Botas 2: O Último Pedido
Melhor Documentário em Longa-Metragem
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All That Breathes
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All The Beauty and the Bloodshed
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Fire of Love
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A House Made of Splinters
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Navalny
All The Beauty and the Bloodshed foi apenas o segundo documentário a ser premiado com o Leão de Ouro em Veneza. A produção centra-se nos feitos da fotografa ativista Nan Goldin através de seus trabalhos inspiradores que marcaram toda uma geração, mas principalmente a sua luta contra a Família Sackler, responsáveis pela crise de opióides nos Estados Unidos. A história contada por Laura Poitras — vencedora do Oscar por CitizenFour — está em alta por conta da minissérie Dopesick, estrelada por Michael Keaton e disponível no Star+, o que pode favorecer a sua campanha. Até o início da temporada de premiações, parecia que o documentário em questão seria o grande favorito (é o meu preferido pelo menos), mas hoje me soa muito mais como uma possível zebra, pelo fato de não ter aparecido nas principais premiações que servem como termômetro para a categoria de documentários.
Good Night Oppy, o esnobado dessa categoria, passou a limpa no Critics Choice Documentary Awards, onde Fire of Love recebeu a honraria na categoria de Melhor Documentário de Arquivo e Navalny venceu em Melhor Documentário Político, em cima de All The Beauty and the Bloodshed. Dessa forma, tanto Fire of Love quanto Navalny parecem ser as produções que estão disputando o favoritismo. A primeira é uma história de amor trágica de um casal apaixonado por vulcões dirigido por Sara Dosa, que venceu o DGA na categoria de direção de documentários. O outro centra-se em Alexei Navalny, um dos principais opositores de Vladimir Putin que foi envenenado pelo então presidente da Rússia. O documentário acerca da personalidade russa venceu o PGA e se consagra como o principal favorito da noite.
Favorito: Navalny
Pode vencer: Fire of Love
Zebra: All The Beauty and the Bloodshed
Melhor Filme Internacional
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Nada de Novo no Front (Alemanha 🇩🇪)
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Argentina, 1985 (Argentina 🇦🇷)
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Close (Bélgica 🇧🇪)
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EO (Polônia 🇵🇱)
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The Quiet Girl (Irlanda 🇮🇪)
Ao contrário dos últimos anos em que o favorito ao Oscar de Melhor Filme Internacional despontava logo no início da temporada de premiações, como foi o caso de Parasita, Druk e Drive My Car. O do Oscar 2023 só ficou claro quem era esse grande nome quando Nada de Novo no Front recebeu nada mais e nada menos do que 9 indicações ao careca dourado. Ainda que prefira Argentina, 1985 dos nossos hermanos e o devastador Close, são nulas as chances da Alemanha não levar a quarta estatueta para o país, principalmente após ter feito a limpa no BAFTA e se agigantando ainda mais na campanha.
Contudo, vale ressaltar que caso a Índia tivesse escolhido RRR como seu representante, a história dessa categoria seria completamente diferente e o épico de ação indiano certamente seria grande favorito aqui e um dos queridinhos da temporada.
Favorito: Nada de Novo no Front
Pode vencer: –
Zebra: –
Confira a parte 2 da lista aqui