CRÍTICA – BOB MARLEY: ONE LOVE

CRÍTICA – BOB MARLEY: ONE LOVE

Após o sucesso de “Bohemian Rhapsody”, dirigido por Bryan Singer e Dexter Fletcher, que combinou prestígio artístico com sucesso de bilheteria, o cinema continua explorando cinebiografias de artistas fictícios. Desta vez, a Paramount Pictures, em colaboração com os diretores da história de Bob Marley, apresenta “Bob Marley: One Love”, dirigido por Reinaldo Marcus Green, conhecido por seu trabalho em “Rei Richard”, indicado a Melhor Filme no Oscar de 2022.

Dada a habilidade artística demonstrada por Green em seu trabalho anterior, especialmente na abordagem sensível da figura de Will Smith, havia grandes expectativas para uma adaptação capaz de competir em premiações em 2024. No entanto, a conclusão do filme torna essa perspectiva desafiadora. “Bob Marley: One Love” não abrange toda a vida do artista, focando apenas em sua transição de sucesso nacional para reconhecimento internacional. Essa escolha demonstra um cuidado meticuloso na seleção dos momentos da vida de Marley, oferecendo uma abordagem mais profunda de uma figura complexa que cantava sobre paz em meio ao caos.

Embora o filme explore os principais conflitos de Marley, como o atentado contra sua vida, as tensões internas com membros próximos de sua equipe e sua mensagem de paz em um mundo marcado por conflitos, “Bob Marley: One Love” parece não aprofundar essas questões o suficiente para criar uma conexão emocional forte com os espectadores. Enquanto assistimos, surge a sensação de estarmos apenas observando de longe, isso intimamente, mesmo diante das cenas mais dramáticas. Embora essa abordagem possa ser interpretada como uma tentativa de oferecer uma visão íntima da vida de Marley, as emoções melodramáticas presentes no filme sugerem que talvez não tenhamos sido transportados completamente para essa jornada emocional junto ao personagem.

Entretanto, existe uma elaboração sensível quando Bob Marley está compondo seu álbum, como se fosse uma espécie de mensagem eterna que continuaria na história humana. Como também, sendo em momentos alegres ou não, a música participa do seu cotidiano e estabelece uma fuga ou uma intensificação do que ele tem de melhor para oferecer quando está presente.

Além disso, o filme parece cair na armadilha da romantização dos defeitos de Marley, retratando-o mais como um produto da indústria do que como o homem por trás do aclamado álbum que a Revista Time classificou como o melhor de todos os tempos. Em vez de capturar a verdadeira essência e complexidade de Marley, “Bob Marley: One Love” parece transformá-lo em um personagem estilizado para atender aos padrões da grande indústria cinematográfica. Está evidente a proposta desse filme, tanto que a literalmente todas as músicas do álbum, One Love, são tocadas em algum momento do filme. A Paramount ou Reinaldo Marcus Green, querem que nos apaixonemos por esse artista, mas como me apaixonar por um produto tão nítido diante de várias cinebiografias que reproduzem padrões cinematográficos semelhantes. 

A paixão nasce do desconhecido, o amor, cantado por Bob Marley, você precisa conhecer para se apaixonar, como o próprio artista. No caso da biografia, ela diverte, principalmente nas cenas dos shows e suas composições musicais, mas não acrescenta para a carreira das diversas mãos criativas presentes com potencial grandioso. Nesse momento de análise, essa obra fala mais sobre impulsionar um produto no meio da indústria, do que uma recordação para conhecer o artista. Infelizmente, mais uma cinebiografia em busca de dinheiro e de uma análise rasa sobre um personagem memorável da história da humanidade.


Filme: Bob Marley: One Love
Elenco: Kingsley Ben-Adir, Lashana Lynch, Michael Gandolfini, James Norton e Umi Myers
Direção: Reinaldo Marcus Green
Roteiro: Zach Baylin, Frank E. Flowers e  Terence Winter
Produção: Estados Unidos
Ano: 2024
Gênero: Drama, Biografia
Sinopse: O jamaicano Bob Marley supera as adversidades para se tornar um dos o músicos mais famosos do mundo.
Classificação: 16 anos
Distribuidor: Paramount Pictures
Streaming: Indisponível
Nota: 5,0

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